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Venci a Covid: Everton Leoni fala como sobreviveu à doença ao Tudo Rondônia

Jornal eletrônico abre série de entrevistas aos finais de semana com pessoas que venceram o vírus. O primeiro é o empresário e jornalista Everton Leoni, apresentador de rádio e televisão

Jornal eletrônico abre série de entrevistas aos finais de semana com pessoas que venceram o vírus. O primeiro é o empresário e jornalista Everton Leoni, apresentador de rádio e televisão

PORTO VELHO – Nosso primeiro personagem da série Venci a Covid é Everton Leoni, de 66 anos. Gremista até o último fio de cabelo é nascido em Porto Alegre (RS), mas foi criado em Novo Hamburgo, cidade próxima à capital gaúcha. Chegou a Rondônia no dia 01 de maio de 1982, quando tinha 27 anos.

A vida como homem da comunicação começou cedo: aos 17 anos, como locutor comercial e narrador esportivo da Rádio Progresso de Novo Hamburgo. Depois passou pelo Jornal NH (onde fui colega de Sérgio Pires), de Novo Hamburgo e Jornal Vale do Sinos (de São Leopoldo). Foi criador e editor da revista Tecnicouro (do Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins, com Sérgio Pires, em Novo Hamburgo).  

Veio para Porto Velho ser diretor da antiga Rádio Eldorado. Depois disso foi contratado pelas rádios Caiari e , em 1983, quando virou colega de Beni Andrade. Neste ano, criou a Imagem Propaganda e Produções, quando começou a vida de empresário de mídia.

Hoje, comanda o Sistema Imagem de Comunicação, composto pela SIC TV, Rádio Parecis, Vitória Régia FM (arrendada para uma igreja evangélica) e Record News. Everton também é apresentador de rádio e de telejornal e conversou com o jornalista Felipe Corona para o Tudo Rondônia.

Tudo Rondônia – O que o senhor achava dessa doença no começo da pandemia, lá no mês de março, quando ela mal tinha chegado ao Brasil?

Everton Leoni – Desde o princípio respeitei muito esta doença. Procurei ler muito sobre ela, até para poder orientar meus ouvintes e telespectadores. Claro que pouco se sabia sobre o coronavírus, mas lembro que desde o princípio defendi o precoce, a hidroxicloroquina, o uso de máscara e o isolamento apenas das pessoas que fazem parte do grupo de risco. Além disso, sempre fui contra o “lockdown”, por acreditar que as pessoas acabam se aglomerando dentro de casa.

TR – Como e quando o senhor descobriu que estava com a doença?

EL – Descobri que estava com a doença no dia 18 de outubro. Era um sábado. Estava participando do Papo de Redação e já me sentia mole, com dores por todo o corpo. Felizmente eu estava sozinho no estúdio. Os demais companheiros estavam fazendo o programa cada um de sua própria casa. Saí da emissora e estava um trapo. A sensação era a mesma de uma terrível virose, mas eu já desconfiava que era bem mais do que isso. Como estava ainda muito do inicio, sabia que não adiantava fazer o teste, mas me lembrava todos os dias das palavras do amigo César Cassol, estimulando a todos para o tratamento precoce. O doutor José Augusto era outro que sempre pregava isso. Como já vinha me tratando com a Ivermectina, não tive dúvidas de começar a tomar a Azitromicina.

Minha sorte também é que o doutor José Augusto havia me receitado e eu estava tomando vitamina D, zinco, cálcio, lisina, magnésio e outros, o que criou uma espécie de capa protetora no meu organismo para que eu estivesse preparado para enfrentar uma possível infecção, sem maior gravidade.

Fui fazer o teste e mesmo sem o resultado, fui direto para o Hospital Prontocordis para uma consulta com o doutor José Augusto. Imediatamente ele me encaminhou para uma ressonância magnética, quando se constatou que já estava de 20% a 25% dos pulmões comprometidos. Dali fui direto para a UTI para internação.

TR – Como o senhor passou pela Covid? Como foi o tratamento? Chegou a ficar na UTI? Ser intubado?

EL – Fiquei 17 dias internado, sendo 14 na UTI e três na enfermaria. Cheguei a ficar com 55% dos pulmões comprometidos. Mas não precisei ser intubado. Os que atenderam foram muito rápidos e, imediatamente, ministraram hidroxicloroquina, azitromicina, anticoagulantes e antibióticos, além de outros medicamentos altamente eficientes.

O problema todo são as picadas, as agulhadas. Esta pra mim foi a pior parte. Tem um exame, chamado de Gasometria, em que eles retiram sangue do pulso. É este exame que determina se um paciente tem ou não necessidade de suplementação de oxigênio. A gente sente uma dor insuportável.

TR – O senhor chegou a ter medo em algum momento?

EL – Eu não cheguei a ter medo, pois em que pese ter 55% dos pulmões atingidos pelo vírus, não senti falta de ar, coisa que aliás sinto hoje, muitas vezes, nesta fase pós-Covid, como uma das sequelas que carrego. Mas o doutor José Augusto no final, quando eu já estava na enfermaria, me confessou que em determinado momento chegou a ficar preocupado com a evolução da infecção. Felizmente a equipe de profissionais do Prontocordis é excelente e tudo no final acabou bem.

TR – Como sua família reagiu à doença? Eles também foram infectados?

EL – Lá em casa, a Natana [esposa] foi infectada antes de mim, mas tirou de letra, teve poucos problemas, como dores no corpo, de cabeça e perda de olfato e paladar. O Thales [] pegou depois de mim e sentiu os mesmos sintomas da Natana, mas felizmente ambos trataram em casa mesmo.

TR – Como foi a reação do público que te acompanha? Muitas manifestações de carinho? Orações? Soube de tudo?

EL – O público foi maravilhoso, recebi milhares de mensagens, somando as diversas redes sociais, todas com palavras de conforto, de fé, de força e de esperança. Foi emocionante. Graças a Deus minha relação com o enorme público que me acompanha é de muita cumplicidade e respeito. A gente nessas horas fica muito sensível. Não foram poucas as vezes que algumas mensagens me fizeram derramar lágrimas de emoção.

TR – E após a saída do hospital ou da quarentena? Como foi?

EL – Quando saí do hospital o quer queria era poder abraçar a todos os médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas que cuidaram de mim com tanto carinho e atenção. Até por que nunca fiquei tanto tempo hospitalizado. Fiz selfie com quase todos eles. Depois, produzi um vídeo no meu próprio celular e coloquei no ar em diversos programas da SIC TV. Foi a maneira que encontrei de homenageá-los. Posteriormente, enviei o vídeo para cada um, pessoalmente, através do WhatsApp para que guardassem a . Jamais esquecerei de cada um deles.

TR – Teve alguma sequela grave? Ainda está fazendo tratamento após algum tempo de curado?

EL – Quanto à sequelas, vez por outra sinto falta de ar, quando faço algum esforço ou falo demais. Também tive uma contração do nervo que passa pela panturrilha e vai até o tendão do calcanhar. Isso, em razão de ter ficado muitos dias de cama, sem praticamente andar. Agora, virou um caso para o doutor Serbino, que já está me tratando.

TR – Qual a sua reação com o novo pico de casos em Rondônia?

EL – Fico preocupado. Essa doença é mortal. Já perdi vários amigos e muitas pessoas por quem tinha grande admiração. Infelizmente muita gente ainda não se deu conta da gravidade da doença e que qualquer um pode ser infectado. E para evoluir para uma situação irreversível é só uma questão de dias.

TR – Qual o seu recado para quem está enfrentando a doença, já enfrentou, e principalmente, quem não leva a sério o vírus?

EL – Meu conselho é o tratamento precoce. Muita vitamina para preparar o organismo para que ele possa enfrentar bem um vírus tão destruidor como esse. Todos devem levar a sério essa doença. Já levou muita gente boa entre nós e se não nos cuidarmos, vai continuar fazendo vítimas. Os que fazem parte dos grupos de risco devem se isolar para evitar se infectar. Um segundo de descuido pode custar a própria vida. E à partir daí ainda corre o risco de infectar a família ou os amigos mais próximos.

 

Por Felipe Corona, Tudorondônia

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