Saiu na Record: Porto Velho tem pior hospital do Brasil e descaso com o Heuro
O Conselho Federal de Medicina (CFM) classificou o hospital como o pior do país em 2011
O Conselho Federal de Medicina (CFM) classificou o hospital como o pior do país em 2011
O Domingo Espetacular, da TV Record, veiculou neste domingo (14/07) em rede nacional a situação Hospital João Paulo II, de Porto Velho, Rondônia, considerado do pior hospital do Brasil.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) classificou o hospital como o pior do país em 2011. “Eu me sinto envergonhado como presidente do Conselho Federal de Medicina, no meu estado, eu sou rondoniense, nascido lá, quando eu vejo uma condição sub-humana. Nem animal pode ser tratado dessa forma.” Afirmou o dr. Hiran Gallo, presidente do CFM.
E desde então, a avaliação não melhorou. “É um pronto-socorro que não poderia ser chamado de pronto-socorro. Não tem ventilação, não tem luminosidade, não tem nenhuma condição de funcionamento”, comenta Gallo.
Relatos de descaso
Célia está imobilizada na cama há 40 dias. Esperando por uma cirurgia. Uma cirurgia que deveria ser de urgência. Célia é apenas uma entre as dezenas de pacientes que lotam todos os corredores do Hospital João Paulo Segundo. Nós vamos na direção, nós já denunciamos no Ministério Público. Ele só fala que está vendo, está vendo, mas não resolve nada, desabafa o agricultor Reginaldo dos Reis para a reportagem da Record.
O cenário de caos começa na própria recepção, onde pacientes aguardam atendimento ao lado de outros que são medicados em macas ou cadeiras. Médicos e enfermeiras se desdobram para atender a todos.
No quintal, a dona de casa Creuza Sales da Silva caminha com dificuldade. Sente fortes dores na perna. “Dói até no joelho”. Dona Creuza chegou a esperar 3 anos para fazer um raio-X e segue na fila pela cirurgia.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Rondônia, Célia Campos, lamenta toda essa lentidão. “Não há uma perspectiva de que isso melhore no curto prazo”, lamenta. A gente tem esperança todo dia que apareça uma perspectiva, mas que seja séria, que seja responsável e que olhe com bons olhos a necessidade da população.
Novo Hospital
O mal que aflige o atendimento hospitalar em Rondônia já foi diagnosticado. Se chama superlotação. O remédio chegou alguns anos atrás, em 2019. Quando foi liberada uma verba de R$ 100 milhões de reais para a construção de um novo hospital de emergência.
O secretário de saúde do estado era Fernando Máximo. Na época, ele não usou o dinheiro que foi devolvido aos cofres da Caixa Econômica Federal. Nós vamos ter um hospital novo, onde está incluída toda a manutenção predial durante 30 anos.
Foi durante o mandato dele, como secretário de saúde, que o estado anunciou a construção de um novo e moderno hospital em Porto Velho. O projeto ambicioso anunciava um hospital com 399 leitos, centro cirúrgico com 9 salas e 16 leitos de UTI.
Mas as obras, que deveriam ter começado há dois anos, estão praticamente paradas. Pela segunda vez, as licenças para a construção do hospital na área de 56 mil metros quadrados foram suspensas. Segundo a prefeitura de Porto Velho, prazos não foram respeitados e faltam documentos básicos.
Como o projeto arquitetônico, na documentação enviada pela empresa que deve tocar a obra. O código de obras do município de Porto Velho estabelece alguns critérios para que qualquer pessoa física ou jurídica tenha uma licença de obras para poder construir. Até o momento, a empresa, apesar de ela ter a licença de obras, ela ainda tem exigências para cumprir.
Hoje, as obras estão autorizadas por liminar. Toda a documentação, seja qualquer que for alegada pela prefeitura que não foi entregue, nós reforçamos isso dentro do processo judicial e já conseguimos duas liminares para voltar a trabalhar.
Outro lado
A equipe da Record tentou contato com a secretária de saúde que ocupou o cargo em 2022. Ela disse que as respostas às denúncias devem ser dadas pelo atual governo do estado. A atual gestão afirmou que, por causa do atraso nas obras do novo hospital, instaurou um processo administrativo e vai aplicar multas contra a empresa responsável.
Disse também que cirurgias ortopédicas mais complexas, como as de quadril e fêmur, exigem um tempo maior de espera, de espera, devido à necessidade de produção de próteses sob medida.
A reportagem tentou há dias contato com o deputado Fernando Máximo por e-mail e em seu gabinete em Brasília, sem resposta Em nota, a assessoria do deputado disse que Fernando Máximo saiu da Secretaria de Saúde há mais de 27 meses e que depois dele passaram outros dois secretários. Portanto, não cabe a ele emitir informações sobre o andamento da obra.
Enquanto isso, em meio a obras paradas e também a suspeitas de irregularidades, o caos segue instaurado no sistema de saúde de Rondônia. “Quando é que você acha que vai conseguir fazer essa cirurgia? Nunca. Se eu for esperar, nunca” desabafa o agricultor Reginaldo à reportagem.
Assista à reportagem completa: https://record.r7.com/domingo-espetacular/reportagem-da-semana/video/conheca-o-pior-hospital-do-brasil-15072024/