Rio Madeira bate nova mínima histórica e pescadores criam caminhos na ‘lama’ para navegar
Pescadores têm usado as hélices de rabeta de suas voadeiras para criar caminhos na lama, possibilitando o transporte fluvial.
Pescadores têm usado as hélices de rabeta de suas voadeiras para criar caminhos na lama, possibilitando o transporte fluvial.
O Rio Madeira atingiu uma nova mínima história na sexta-feira (11): 19 centímetros. A seca tem forçando os moradores do distrito de Calama, em Porto Velho, a desenvolverem novas estratégias de navegação. Pescadores, como Moises Correia, usam as hélices de embarcação para criar “caminhos” na lama.
O Madeira é monitorado pelo Serviço Geológico do Brasil desde 1967. Desde então, o nível mais baixo já observado foi o de 19 centímetros, na sexta-feira.
🔎Com mais de 3,2 mil quilômetros de água doce, o Madeira é um dos maiores do Brasil e do mundo, além do mais longo e importante afluente do rio Amazonas.
Moises, que vive há 15 anos em Calama, conta que os pescadores precisaram se organizar para manter uma rota de acesso ao porto. Com o rio cada vez mais seco, eles começaram a usar as hélices de suas voadeiras para cortar a lama, criando um canal.
Imagens feitas por ele mostram o “corredor” de lama e água em meio ao deserto que se formou onde antes era o rio Madeira.
“Combinamos de passar sempre pelo mesmo lugar, e com isso, cada vez que uma embarcação passava, a hélice afundava mais a lama, formando um caminho”.
A seca extrema não afeta apenas a navegação. O pescador relata que os impactos também atingem duramente a pesca e a agricultura. Peixes como pacu, piau e sardinha, que antes eram abundantes nessa época do ano, praticamente desapareceram dos lagos e praias do rio.
“Esse é o período mais farto de peixe, mas este ano não tem nem curimatá [uma espécie de peixe]. A seca não é só falta de água. Ela atinge a destruição dos nossas produtos da terra e o sustento das famílias ribeirinhas”.
Entenda o cenário
Historicamente, outubro e novembro são os meses em que o Madeira fica mais seco. No entanto, o nível do rio começou a bater mínimas históricas já no mês de julho; depois disso, o cenário foi se tornando ainda mais crítico.
Os moradores das comunidades ribeirinhas viram os poços amazônicos secos, assim como o rio. Sem acesso à água, eles dependem de carregamentos enviados pela Defesa Civil Municipal e as secretarias de assistência social de Porto Velho e do estado de Rondônia.
Veja a reportagem completa em Rede Amazônica