Porto Velho desmatou o equivalente a três São Paulos em 16 anos
O município de Porto Velho perdeu 14% de suas florestas em 16 anos. Foram desmatados cerca de 440.000 hectares no período. É o equivalente a três vezes o município de São Paulo. Os dados são do sistema MapBiomas, uma plataforma de monitoramento dos ecossistemas brasileiros.
O total de florestas registradas por satélite foi de 3.090.439 hectares, em 2000, para 2.650.540 hectares, em 2016.
O ritmo de desmatamento se manteve alto e estável em todo o período. O início da construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio no Rio Madeira, em 2008, aparentemente não alterou o ritmo da devastação.
A área ocupada por corpos de água cresceu no município. A inauguração das hidrelétricas fez a área subir de 75.000 hectares, em 2011, para 127.000 hectares, em 2014. Depois a área reduziu para 98.000 hectares, em 2016. O ano de 2014 foi marcado por enchentes históricas no Rio Madeira. Ainda não está claro se houve relação das enchentes com as hidrelétricas ou com as chuvas fora do normal que caíram no período.
Naquele ano, o país estava sob o efeito de um bloqueio atmosférico que mudou a distribuição das chuvas. O fenômeno gerou a estiagem recorde no Sudeste e a crise hídrica, ao mesmo tempo levando ao aumento de chuvas em outras partes do país, como o Paraná e Rondônia.
A área de pastagens em Porto Velho cresceu mais do que qualquer superfície inundada. Foi de 202.869 hectares, em 2000, para 566.855 hectares, em 2016.
Em Porto Velho, mesmo com Santo Antônio e Jirau, a pecuária ocupou uma área 15 vezes maior do que a expansão das águas nas barragens no período. Isso pode indicar que o impacto de grandes obras na Amazônia vai muito além do que acontece dentro do canteiro do empreendimento. Inclui a chegada de milhares de pessoas a uma região sem organização fundiária nem opções estabelecidas de desenvolvimento sustentável com a floresta em pé. E que a dinâmica do desmatamento é alimentada por outros fatores.
O gráfico abaixo mostra como o desmatamento se manteve alto e constante nos últimos 16 anos em Porto Velho. As obras das hidrelétricas em 2008 não alteraram sensivelmente a evolução da devastação.
A comparação entre a evolução da área de pastagens e da área inundada pelas barragens mostra o tamanho de cada uma.
Fonte: Revista Época