Política Sem Censura- David Nogueira-Tabajara, outras músicas e a massificação da mediocridade
- Tabajara, outras músicas e a massificação da mediocridade
O nome “Tabajara”, inevitavelmente, costuma levar minha memória para o quadro do Casseta e Planeta (Organizações Tabajara). Nele, com criatividade duvidosa, a fictícia entidade era responsável por colocar na praça produtos de utilidade impensável… Mas não só. Tabajara também é o nome de um Distrito dentro do município de Machadinho do Oeste, encravado nas brenhas da Amazônia, no que hoje é chamado de Rondônia. Por aquelas bandas distantes, nasceu um velho amigo meu (e todos os seus irmãos). Segundo conta a lenda, o vilarejo era mais antigo que a própria capital do estado. Difícil imaginar aquela gente vivendo em tamanho isolamento.
- Mas não só
Outro Tabajara famoso, meu afável Cara Pálida, diz respeito aos habitantes do litoral brasileiro na época da colonização branca. A confusão dos domínios territoriais não é algo pacífico, mas digamos tratar-se de um povo que dominou a região considerada hoje o litoral do Estado da Paraíba. Simpáticos e mais afáveis com os lusitanos, os tabajaras estão na origem da formação da Capitania Paraibana, conforme nos informa Wikipédia. Não obstante, a reivindicação do nome e a autenticidade tribal também é reivindicada pela turma do Ceará.
- Feio
Uma coisa é certa, independentemente dos valores históricos e culturais, foneticamente, o nome tabajara está, na minha esdrúxula avaliação, longe de ser bonito. O par de fonemas oclusivos iniciais da palavra torna-a forte em demasia e a sucessão de “A’s” reforçam e destacam as consoantes de maneira indelével. Apesar de tudo, como a arbitrariedade do signo linguístico é extremamente permissível no tocante à construção da língua, a minha opinião sobre a beleza ou não da palavra não contribui em nada para a felicidade do mundo nem para a eficiência da mesma.
- Exemplo da Paraíba
Todo esse papo furado veio a propósito de minha recente passagem pelas sempre agradáveis e acolhedoras terras paraibanas. Se você não conhece… lamento! Povo maravilhoso, clima agradável, praias lindas, boa comida e uma paisagem cativante. Apesar de tantos adjetivos, registro, com pesar a subida absurda dos preços naquelas paragens, porém, ainda assim, mais generosos do que em outras searas. Existe lá uma Rádio FM, de propriedade do Governo Estadual, cujo singelo nome é: “Tabajara”… Mas não se iluda, pois há valores a considerar. Salta aos olhos (particularmente aos ouvidos), a qualidade da seleção musical da emissora. Eminentemente nacional, ali se ouve, durante todo o dia, música de ótima qualidade (MPB e Regional), ausente da maioria das outras emissoras.
- Massificação do medíocre
Confesso ter ficado chocado, petrificado, embasbacado por passar tanto tempo ouvindo a Rádio Tabajara e não ter recebido doses violentas e cavalares de Pablo, com suas intermináveis “sofrências”, clássicos abusadores da mediocridade como “Te amo meu bebê” ou enxurradas de duplas sertanejas reprisando batidões limitados na forma e no conteúdo. Falar no funk… nem pensar, principalmente por respeito às possíveis crianças e jovens que, ocasionalmente, em razão de um acidente de percurso qualquer, venham a ler este artigo. Nossas rádios (em sua maioria), isso é fato, massificam o medíocre, tornando-o, digamos… quase bonitinho ao ouvido da massa. Existem bastantes trabalhos musicais de qualidade sendo produzidos e muita gente maravilhosa agregando valor à cultura brasileira. O Exemplo da Rádio Tabajara, na Paraíba, deve ser observado em outras partes das terras tupiniquis… pelo menos até que uma legislação de interesse nacional venha a definir conteúdos mais enobrecedores e valorizadores da cultura brasuca.