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Lava Jato mira empresário e gerentes de banco no Rio de Janeiro

Operação é desdobramento de investigação contra operadores do mercado paralelo de câmbio, entre eles Dario Messer, considerado o "doleiro dos doleiros"

Operação é desdobramento de investigação contra operadores do mercado paralelo de câmbio, entre eles Dario Messer, considerado o “doleiro dos doleiros”

Agentes da Polícia Federal no Rio de Janeiro cumprem na manhã desta terça-feira, 28, uma nova fase da Operação Lava Jato em um desdobramento da Câmbio, Desligo. Foram emitidas ordens de prisão contra um empresário e dois bancários, além de mandados de busca e apreensão.

A pedido do Ministério Público Federal, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do RJ, determinou a prisão preventiva do empresário Júlio César Pinto de Andrade e a temporária dos gerentes do banco Bradesco Tânia Maria Aragão de Souza Fonseca e Robson Luiz Cunha Silva.

Os três são investigados pela suposta participação em um esquema de lavagem de dinheiro que funcionava, segundo a acusação, por meio da compensação de cheques do varejo e pagamento de boletos bancários.

Para os procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, houve falha no sistema de compliance das instituições financeiras.

Em nota, o Bradesco informou que tomou conhecimento da ação policial pela imprensa. “As informações, quando oficialmente disponíveis, serão apuradas internamente. Como sempre, o Bradesco se coloca à disposição das autoridades no sentido da plena colaboração e esclarecimento sobre as apurações que estão sendo realizadas. Por fim, o Bradesco reitera que cumpre rigorosamente com as normas de conduta ética e governança vigentes para a atividade”.

Deflagrada em maio de 2018, a Câmbio, Desligo tem como alvo doleiros que operavam no mercado paralelo de câmbio e são acusados de lavar 1,6 bilhão de reais para organizações criminosas, incluindo a liderada pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB).

Além de Cabral, foram denunciados pelo MPF em junho do ano passado outros 61 acusados, incluindo Dario Messer, considerado pela procuradoria o “doleiro dos doleiros”.

Investigado também nos casos Banestado e mensalão, Messer está foragido desde o início da operação e teve um habeas corpus preventivo negado no Supremo Tribunal Federal no início deste mês.

Em dezembro do ano passado, agentes da Interpol detiveram no Paraguai o doleiro Bruno Farina, apontado como sócio de Messer.

Nas 816 páginas da denúncia, Dario Messer é acusado dos crimes de formação de quadrilha, pertinência a organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Os investigadores atribuem a ele participação em 183 dos 186 fatos criminosos narrados no documento.

A denúncia aponta operações de dólar-cabo como o principal modus operandidos doleiros para lavar dinheiro. Transações deste tipo envolvem “compra” ou “venda” de dólares.

Na “compra”, método que costuma ser utilizado por agentes públicos que recebem propina, o “cliente” do doleiro entrega a ele reais em espécie no Brasil e tem dólares creditados em contas no exterior.

Na “venda”, normalmente usada por empresas que necessitam de reais em espécie para corromper políticos, dá-se o contrário: o doleiro recebe dólares em suas contas no exterior e entrega ao “cliente”, no Brasil, o valor correspondente em reais.

Operações de dólar-cabo, segundo o MPF, movimentaram parte do dinheiro de propina recebida por Sérgio Cabral. Nesta denúncia, o emedebista foi acusado de receber 24 milhões de reais em propina da empreiteira Queiroz Galvão.

O dinheiro seria referente a contratos para a urbanização da favela da Rocinha, no âmbito do programa PAC das Favelas, da construção do Arco Metropolitano e da linha 4 do metrô do Rio.

Por Veja 

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