Crimes de suposto serial killer chocam vizinhos em Nova Iguaçu, RJ
Vizinhos de Sailson José das Graças, de 26 anos, estão chocados com as revelações sobre os crimes que ele teria cometido. Para os moradores do bairro Corumbá, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Sailson era um homem tranquilo. Ele mantinha um perfil em uma rede social no qual mostrava sempre um sorriso no rosto. De família religiosa e pai de um menino de oito anos, era aparentemente alguém acima de qualquer suspeita. Sailson dividia uma casa com a companheira, Cleusa Balbina de Paula e com o ex-marido dela, José Messias. Eles também estão presos por suspeita de envolvimento em crimes cometidos por ele.
De acordo com o sobrinho de Fátima Miranda, vizinha e uma das vítimas de Sailson, assim que os moradores do bairro Corumbá souberam das mortes cometidas, quiseram linchar o trio (Sailson, Cleuza e o ex-marido dela).
“Para mim a cadeia é pouco. É um alívio saber que ele está preso, mas não é tudo. Ele matou uma pessoa que gostava de viver. Na vizinhança ficou todo mundo revoltado”, afirmou Cristiano Moraes dos Santos, 30 anos, lembrando que Cleuza era amiga de sua tia.
Ainda segundo o rapaz, o trio era conhecido na vizinhança por levar as pessoas para o bar, embebedar e depois roubar. “Ela levava para o bar e ele vinha depois para roubar”, afirmou Cristiano, lembrando que na noite em que sua tia foi morta eles entraram na casa com a desculpa que precisavam guardar a bicicleta.
Segundo o delegado titular da DH, é Importante que familiares de desaparecidos e de pessoas estranguladas compareçam para prestar depoimento. “Estamos tentando fazer uma conexão dos fatos”, afirmou o delegado Pedro Henrique Medina.
Sobre o fato do suposto serial killer ter cometido tantos crimes ao longo de nove anos sem nunca ter sido preso por isso, o delegado afirma que o espaço de tempo é muito grande e que em nenhum momento a polícia estabeleceu qualquer conexão entre os crimes. “Ele observava, tentava estabelecer locais ermos, prestava atenção nas câmeras para burlar essa vigilância e não ser pego”, afirmou Medina.
Novas vítimas
Agentes da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense tentavam identificar novas vítimas de Sailson José das Graças. Em um depoimento prestado na manhã desta sexta-feira (12), ele contou detalhes do primeiro crime que cometeu.
A polícia já identificou sete pessoas que podem ter sido mortas por Sailson. O último crime cometido por ele foi na terça-feira (9), no bairro Corumbá. O assassino confessou ter matado a facadas Fátima Miranda.
Raimundo Basílio da Silva, de 60 anos, morreu no dia 30 de novembro, no bairro Santa Rita. Dias antes, em 12 de novembro, Paulo Vasconcelos, de 52 anos, morreu no bairro Amaral, e Francisco Carlos Chagas, de 49 anos, foi assassinado no bairro Corumbá, no dia 23 de outubro.
O delegado responsável pelo caso não divulgou os nomes de uma mulher, morta em janeiro deste ano, e da mãe e do filho de dois anos, assassinados no bairro Santa Rita, também em Nova Iguaçu.
“Um deles foi que a arma usada no crime, ele disse que era uma faquinha de serra e realmente era e que a faca foi quebrando no corpo da pessoa e realmente ficou. A da mulher com o filho, tinha um filho de dois anos e outro de cinco. Falou que não matou o de cinco, porque o garoto quieto. Não estava fazendo barulho”, falou o delegado.
Mulher de assassino encomendou mortes
Sailson disse à polícia que quatro pessoas foram assassinadas a pedido da companheira dele, Cleuza Balbino, e que em troca ele recebia casa e comida.
“Ela bancava, me bancava. Em troca disso era água, comida, teto, roupa nova, dinheiro para eu comprar as necessidades”, disse Sailson.
Cleuza e o ex-marido dela, José Messias, que teria planejado pelo menos uma das mortes também foram presos, mas negaram as acusações. Segundo os agentes, os três moravam na mesma casa. Sailson disse aos investigadores que Cleuza sabia dos crimes.
“Eu falava com ela, ah hoje é dia de minha caçada e saía. Hoje é dia de eu fazer o meu trabalho. Ela já sabia o que era e eu saía”, contou Sailson.
Sailson José das Graças
(Foto: Marcelo Elizardo/ G1)
Outra vítima sobreviveu
Uma mulher que sobreviveu em 2012 a um ataque do serial killer disse que teve a morte encomendada pelo próprio pai de criação, José Messias, que foi preso junto da ex-mulher Cleuza.
Segundo a vítima, Cíntia Ramos Messias, Cleuza e seu pai teriam encomendado a morte porque queriam ficar com a guarda de sua filha. Na época do crime, a criança era recém-nascida. Cintia prestou depoimento nesta quinta-feira na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que investiga o caso. Ela possui marcas de facadas do ataque na pele.
“Ele botou a faca nas minhas costas na porta de casa. Me levou para um terreno baldio e me deu facadas no peito. Ele me largou em pé porque a facada do peito jorrou muito sangue. Fiquei de 5h30 até 7h até alguém me achar e chamar o socorro”, disse Cíntia.