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Conta de luz deve ficar pelo menos 5% mais cara com onda de calor

Consumo de energia atingiu recorde em dois dias consecutivos, com aumento do uso de equipamentos de refrigeração

Consumo de energia atingiu recorde em dois dias consecutivos, com aumento do uso de equipamentos de refrigeração

Com a onda de calor, a conta de luz de novembro já tem impacto de pelo menos 5% a mais em relação ao valor pago no mesmo período do ano passado. A estimativa é da Abesco (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia), com base no recorde de consumo de energia registrado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) nos últimos dois dias.

A carga de energia elétrica atingiu recorde em dois dias consecutivos, na segunda e terça-feira, impulsionada pelas altas temperaturas em todo o país, que aumentam o uso de equipamentos de refrigeração.

A demanda instantânea de carga do SIN (Sistema Interligado Nacional) ultrapassou 100.000 MW megawatts) pela primeira vez na história, na segunda-feira, com 100.955 MW. No dia seguinte, atingiu, às 14h20, o patamar de 101.475 MW. Já nesta quarta-feira (15), feriado da Proclamação da República, o consumo de energia ficou mais baixo. Às 14h24, era de 86.671 MW.

“Os recentes resultados demonstram que houve um incremento de 16,8% na carga, se considerada a demanda atendida nos primeiros dias de novembro, passando de 86.800 MW para os atuais 101.475 MW”, afirmou o ONS em nota.

“Acabamos de bater o recorde pela primeira vez na história do Sistema Interligado Nacional. Considerando variáveis, com dados que temos hoje, a gente pode colocar que deu 5% de acréscimo da potência, analisando só os dados do SIN. Considerando esse histórico que foi atingido, a gente pode falar que 5% já acrescentamos nessa potência”, afirma Alexandre Moana, diretor-financeiro da Abesco.

Para ele, isso mostra que a potência, que é tudo o que está ligado ao mesmo tempo, tem tido um salto enorme. “Como isso desencadeia por unidade de tempo, imagina que tenho um secador de cabelo ligado em 80% do máximo, só que agora chegou a 100%. Isso que está acontecendo. Se ficou um tempo na potência alta, tenho o consumo alto”, acrescenta Moana.

A energia elétrica residencial já tem alta de 8,59% no acumulado dos últimos 12 meses, segundo o IPCA (Índice Nacional de Presos ao Consumidor Amplo), de outubro, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado de 2023, o aumento chega a 7,78%.

Em agosto, já houve impacto dos reajustes das tarifas, influenciados, principalmente, pelo fim da incorporação do bônus de Itaipu, referente a um saldo positivo na conta de comercialização de energia elétrica em 2022, que foi incorporado nas contas de luz de todos os consumidores.

Demanda de energia

Em meio ao calor intenso, que deve se estender até sexta-feira (17), segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), com temperaturas acima de 40°C em algumas partes do país, o ONS passou a esperar crescimento de até 15,6% para a carga de energia em novembro.

A onda de calor que vem afetando boa parte do Brasil incidiu diretamente na demanda por energia elétrica. Para atender ao aumento do consumo de energia, o operador nacional tem acionado outras usinas termelétricas.

“O Operador reforça que o SIN é robusto, seguro, possui uma ampla diversidade de fontes e está preparado para atender às demandas de carga e potência da sociedade brasileira”, afirma o ONS.

Como economizar na conta de luz

O especialista em eficiência energética Wagner Carvalho, CEO da W-Energy, afirma que o consumo tende a aumentar de modo significativo com a utilização dos equipamentos de climatização.

Não só pelo uso do ar-condicionado, que está em 16,7% das residências do país, segundo ele. Mas também a geladeira, que aumenta o consumo em função do esforço da máquina para refrigerar os alimentos.

“As pessoas tendem a mudar a opção do chuveiro elétrico para o modo verão, que vai exigir menos da resistência. Porém, o número de banhos também aumenta. Esses são alguns dos motivos que geram alta no consumo de energia elétrica”, explica Carvalho, que dá diversas dicas:

• quem tem ar-condicionado, a primeira coisa a fazer é limpar o filtro. “Às vezes, o equipamento pode ser forçado em função da sujeira, que prejudica a ventilação. Isso tem aumento de até 20% do consumo da energia elétrica da máquina. Por uma questão de economia e saúde, é bom fazer a limpeza adequada do filtro e dimensionar direito a potência do equipamento no ambiente”;

• para usar o ar-condicionado à noite, a orientação é colocar a função “timer”. Quando já estiver climatizado, o equipamento desliga sozinho, sem ficar consumindo durante a noite inteira;

• quem ainda não tem equipamento e for comprar, escolha sempre produtos com tecnologia inverter, que podem gerar economia de até 40%, porque baixa a rotação sem ficar ligando e desligando o compressor, como equipamentos convencionais;

• é bom manter a geladeira organizada, com as coisas no lugar certo, para não peder tempo com a porta aberta, procurando os produtos. Evite também colocar equipamentos quentes dentro da geladeira;

• quem for comprar uma nova geladeira deve optar pelos modelos de duas portas, para não ficar abrindo o congelador o tempo inteiro. Isso evita a troca de calor — além de escolher a tecnologia inverter;

• quem costuma viajar deve tirar os equipamentos da tomada. A função stand by continua consumindo energia. Outra dica é diminuir a potência da geladeira e deixar o menor número possível de alimentos nela.

“Com adoção de medidas como essas, a população pode economizar até 30% na conta de luz”, afirma Carvalho. “Lembrar que a tecnologia que mais economiza energia chama-se disciplina. As mudanças climáticas vieram para ficar. Então esse desequilíbrio e a ausência de padrão de temperatura vão ser cada vez mais comuns no nosso cotidiano daqui para a frente.”

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Fonte: R7

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