Crime aconteceu em fevereiro de 2014; amigos planejam caminhada pacífica. Família da vítima vai assistir ao julgamento, que será realizado em Manaus.
Será julgado, nesta quinta-feira (26), em Manaus (AM), às 14h, o suspeito de assassinar com tiros à queima roupa o soldado da Base Aérea de Porto Velho Alisson Renan de Oliveira, de 22 anos. O crime aconteceu, no dia 12 de fevereiro de 2014, na guarita do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA), localizado em frente ao Aeroporto Internacional Jorge Teixeira, em Porto Velho. Os pais, a irmã e a ex-noiva da vítima já estão na capital amazonense para acompanhar o julgamento.
Maria do Socorro, mãe de Alisson, disse que, como o processo segue em sigilo, não sabe detalhes da investigação e nem como vai reagir ao ver o suspeito do assassinato. “Ele era meu único filho homem e deixa muitas saudades. Iremos onde for necessário para pedir justiça pela morte de um menino atencioso, educado, que não tinha vícios”, afirmou.
Segundo a família, desde criança Alisson almejava trabalhar nas forças armadas. No ano em que morreu, a vítima cumpria missão em Ji-Paraná e ficava 40 dias no interior e 40 dias na capital.
O militar chegou a Porto Velho no dia 10 de fevereiro do ano passado, uma segunda-feira, e estava de serviço de terça para quarta-feira, mas não voltou para casa no horário em que deveria, porque foi assassinado. “Não tive nem tempo de conversar com meu filho. Ele amava o que fazia. Eu o esperava em casa, mas infelizmente, ele não voltou com vida”, diz Maria.
De acordo com a testemunha principal do caso, o recruta que efetuou os disparos contra Alisson chegou atrasado e recebeu ordens da vítima para que tomasse seu posto na guarita. A determinação não foi seguida pelo militar, que seguiu para o refeitório da base para tomar café. Alisson repreendeu o recruta novamente, por ter chegado atrasado, por não ter cumprido a ordem e por estar tomando o café destinado a quem estaria saindo do trabalho. Segundo a testemunha, o acusado não respondeu e só tomou o posto quando terminou de comer. Quando Alisson chegou à guarita, o recruta fingiu que o controle do portão quebrou e que iria abri-lo manualmente. Neste momento, efetuou os três à queima roupa contra a vítima.
O acusado foi preso em flagrante e, em depoimento, disse que não gostou da maneira como foi notificado e que o soldado Alisson não deveria “ter cruzado seu caminho”.
Apesar do crime ter acontecido na capital rondoniense, o caso será julgado no Amazonas, pela 12ª Região Militar, onde fica localizada a sede do Comando Militar que rege os estados do Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia. O inquérito corre sob sigilo, conforme previsto no Código de Processo Penal Militar.
A família e os amigos que não acompanharão o julgamento em Manaus estão organizando uma caminhada pacífica para pedir justiça e a apuração dos fatos. O movimento será realizado às 13h (horário local), no final da avenida Jorge Teixeira, em frente ao aeroporto da capital, onde ocorreu o crime. Os organizadores estão pedindo aos participantes que utilizem camisas brancas.