O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e o senador Paulo Paim (PT-RS) defenderam que as manifestações foram legítimas, pacíficas, e que o governo precisa agora atender às reivindicações da população, como o fim da corrupção, a reforma política e a melhoria dos serviços públicos.
– O povo deu o recado. Os tambores voltaram a rufar, e os tambores rufaram para que o Congresso ouça – como dizia Ulysses Guimarães – a voz das ruas. Que o lado de lá da rua, o Executivo, a Presidenta e os seus Ministros ouçam a batida do tambor; que o Supremo ouça a batida do tambor. É isso! – alertou o senador.
Já Humberto Costa afirmou que é preciso que o governo melhore seu dialogo com a sociedade, explique as medidas que tem tomado e que vai tomar, e ouça não só o Congresso Nacional, mas os movimentos sociais e a voz das ruas.
– Agora para isso é importante que nós tenhamos uma pauta concreta, foram vários movimentos organizados que estruturaram esses protestos no dia de ontem, é importante que eles possam apresentar ao governo essa pauta, para que o governo possa analisar e atender exatamente aquilo que for possível – ponderou.
Fim da corrupção
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) cobrou medidas imediatas do governo para o fim da corrupção. Em sua opinião, a presidente Dilma deve tomar providências concretas para dar fim ao regime de “balcão de negócios” instalado no governo.
– Eu não vejo alternativa a não ser a destruição desse modelo perverso que estabelece essa relação promíscua entre governo, partidos políticos e Congresso Nacional, especialmente. Esse modelo que, através do balcão de negócios, aparelhou o Estado brasileiro e abriu portas para a corrupção desenfreada, que provoca a maior indignação na história da democracia deste país. E como derrubar esse balcão? Com uma reforma administrativa, com a redução do número de ministérios pela metade e com a convocação de ministros competentes, apartidariamente, ministros probos e competentes – propôs.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) também avaliou que as manifestações deixaram claro que o governo precisa mudar de projeto e adotar um “projeto de nação”, no lugar de um “projeto de poder”.
– Somos vítimas de uma crise sem precedentes. É esse quadro desastroso com apenas 75 dias de governo. E o Congresso também precisa fazer o mea culpa. Os dois milhões de brasileiros que foram às ruas para protestar contra a carestia, contra a corrupção e contra a falta de uma liderança nacional ainda aguardam respostas de seus representantes – afirmou.
Já o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) afirmou que o governo precisa parar de pensar nas próximas eleições e voltar os olhos para os anseios da sociedade. Segundo ele, a população não admite ser chamada para pagar a conta, enquanto vê a roubalheira na Petrobras.
Para Rose de Freitas (PMDB-ES), a presidente Dilma Rousseff precisa aprimorar o debate com o Congresso Nacional, uma vez que todos os parlamentares são os representantes legítimos do povo. Rose de Freitas disse que a normalidade democrática do Brasil deve estar sustentada na Constituição Federal e que o governo precisa dar continuidade nos investimentos em saúde, segurança pública e educação, como exige a sociedade.
Crise econômica
O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) defendeu que a insatisfação demonstrada pelos brasileiros nos protestos de domingo trata não apenas da indignação com a corrupção na Petrobras, mas também do alto custo de vida, do dólar e da volta da inflação. Segundo o senador, a atual crise econômica, política e social que o Brasil atravessa obriga a busca de um caminho para superá-la, com a participação dos partidos políticos e de toda a população.
Um ajuste fiscal que amenize a atual crise econômica também foi cobrado pelo senador Reguffe (PDT-DF), que aconselhou o governo a refletir sobre o que fazer para melhorar a situação do país. Reguffe também reforçou a importância do Congresso em votar mudanças no atual sistema político do país.
– Corrupção existe em todos os países do mundo, o que não pode ter é impunidade. É a pessoa cometer um ato ilícito e não ter uma punibilidade sobre ela no futuro. Isso é o que não pode ocorrer. E eu espero que esta Casa vote os projetos de reforma política. É isso que a sociedade brasileira espera do seu Parlamento. E se o Parlamento quiser se fazer respeitar, ele tem que se respeitar com ações, não apenas com palavras.
Agência Senado