Senador Jaime Bagattoli vota com governo Lula em projeto de retaliação ao “tarifaço” de Donald Trump

Porto Velho, RO – O senador Jaime Bagattoli (PL-RO), conhecido por sua atuação alinhada ao bolsonarismo e por representar interesses do agronegócio, votou a favor do projeto de lei que autoriza o Brasil a adotar medidas de retaliação contra países que imponham barreiras comerciais aos produtos nacionais. A proposta, de autoria do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), foi aprovada por unanimidade no Plenário do Senado nesta terça-feira (1º) e segue agora para análise da Câmara dos Deputados.

O apoio de Bagattoli ao PL 2.088/2023 reflete uma convergência entre setores tradicionalmente em campos opostos: o governo Lula, partidos de esquerda, parlamentares do agronegócio e figuras da direita, como a senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro. A matéria ganhou urgência após o anúncio do presidente norte-americano Donald Trump de que imporia um “tarifaço” sobre importações estrangeiras, previsto para esta quarta-feira (2).

O texto aprovado estabelece que o Poder Executivo poderá aplicar contramedidas proporcionais em resposta a barreiras comerciais unilaterais, violações de acordos ou exigências ambientais excessivas feitas por outros países. As ações previstas incluem a imposição de tributos e restrições a bens e serviços importados, suspensão de concessões comerciais e de direitos de propriedade intelectual, além de consultas diplomáticas para mitigar os efeitos das medidas.

Durante a tramitação, a relatora Tereza Cristina destacou que o projeto não exclui o diálogo, mas defendeu sua urgência diante de possíveis retaliações aos produtos brasileiros. “Este projeto é de interesse do país. Por isso a urgência, para que o Brasil tenha instrumentos de defesa, se tiver alguma retaliação aos seus produtos”, declarou.

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, apresentou o recurso para que o projeto fosse votado diretamente no Plenário e em regime de urgência. A iniciativa visava acelerar a tramitação e garantir que o Brasil reagisse no mesmo dia em que os Estados Unidos devem formalizar novas tarifas. “A matéria é de central interesse para o Brasil e tem o total apoio do governo”, afirmou Randolfe.

A votação no Senado contou com 70 votos favoráveis e nenhum contrário. Além de Bagattoli, outros senadores da base bolsonarista, como Luís Carlos Heinze (PP-RS), Jorge Seif (PL-SC) e Jayme Campos (União-MT), também votaram a favor da proposta. Para o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), senador Renan Calheiros (MDB-AL), o projeto reafirma o princípio da reciprocidade como base da diplomacia comercial brasileira.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, classificou a medida como “importantíssima para o momento que o mundo está vivendo”. A proposta já havia sido aprovada na CAE pela manhã, também por unanimidade, antes de ser levada ao Plenário por decisão política do governo federal.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), elogiou o autor e a relatora. Ele também destacou o entendimento da base governista e da oposição em relação ao texto final do projeto, que é uma ferramenta para defender a economia nacional. “Quero parabenizar esse espírito mais alto, que fez a unidade entre governo e oposição”, registrou o senador.

Com a votação, Bagattoli se posiciona ao lado de uma articulação política que, apesar de incomum, reuniu governo, oposição e representantes do setor produtivo em torno de uma pauta nacionalista. O senador não se manifestou publicamente durante a votação, mas seu apoio foi registrado nas listas oficiais do Senado.

A expectativa é que a Câmara dos Deputados vote a matéria ainda nesta quarta-feira. O projeto busca oferecer ao Brasil ferramentas legais para enfrentar restrições comerciais impostas por outros países e reafirmar a soberania nacional nas negociações internacionais.

 

Via Rondoniadinamica

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