Dois dias após a vitória de Javier Milei na Argentina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (21/11), que “não tem que gostar do presidente” argentino nem dos governantes dos demais países sul-americanos. Segundo o petista, as relações devem priorizar políticas de Estado, em busca de um acordo em defesa de interesses comuns.
“Nós vamos ter problemas políticos e, em vez de reclamar dos problemas políticos, nós temos que ser inteligentes e tentar resolvê-los. Eu não tenho que gostar do presidente do Chile, da Argentina, da Venezuela. Ele não tem que ser meu amigo, ele tem que ser presidente do país dele”, ressaltou o petista.
A declaração de Lula ocorreu durante pronunciamento do presidente na cerimônia de formatura dos futuros diplomatas do Instituto Rio Branco, no Palácio Itamaraty. No discurso, o titular do Planalto enfatizou a importância de uma cooperação regional fortalecida e de relações próximas ao continente africano.
“Temos que sentar na mesa, cada um defendendo seus interesses. Não pode ter supremacia um sobre o outro. A gente tem que chegar a um acordo, essa é a arte da democracia”, prosseguiu.
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Eleito no último domingo (19/11), Milei representa um contraponto ao atual governo da Argentina, que enfrenta um fracasso econômico. Dono de opiniões polêmicas, o candidato visto como “anarcocapitalista” obteve a vitória contra o ministro da Economia, Sergio Massa, prometendo dolarizar a economia, fechar o Banco Central Argentino e deixar o Mercosul.
Relações entre governos
Horas após o resultado das urnas na Argentina, Lula também não citou o nome de Milei ao parabenizar as “instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica”. O petista ainda desejou “êxito ao novo governo”.
O presidente eleito no país vizinho havia taxado o colega brasileiro de “comunista e corrupto” e indicou que recusaria se encontrar com Lula. Milei é admirador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem recebeu apoio na campanha. Bolsonaro é esperado na posse do argentino. Lula, por outro lado, deve enviar representante.
Via metrópoles