A decisão de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,50% ao ano, anunciada nesta quarta-feira (19/6) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), é uma forma de tentar conter a expansão da economia no Brasil, para evitar um avanço da inflação.
Quando o Banco Central aumenta os juros – ou os mantém num patamar elevado – a atividade econômica tende a desaquecer por conta de fatores como o crédito caro. O que se espera nesse cenário é uma contenção, ou mesmo, uma redução dos preços praticados no mercado. Se a Selic cai, dá-se, em geral, o efeito contrário. Ou seja, há expansão da atividade, aumento do consumo e com isso cresce o risco de recrudescimento da inflação.
Com a taxa em 10,50%, na avaliação de Emerson Marçal, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), os bancos ficarão mais seletivos na concessão de novos créditos. O mercado de trabalho, hoje bastante aquecido, também pode apresentar sinas de recuo.
Investimentos
Com os juros permanecendo elevados, há também um reforço na lógica que hoje rege os investimentos. Na avaliação do analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, a renda fixa tende a ser beneficiada no atual cenário. “Nesse caso, é muito comum que boa parte dos investidores olhem com carinho os títulos públicos como o Tesouro Direto, e os títulos privados como CDBs, LCIs e LCAs”, diz Lima.
No caso do Tesouro Direto, observa o especialista, os títulos indexados à Selic ou ao IPCA tornam-se mais atrativos, porque oferecem uma rentabilidade real elevada. “Eles são ideais para investidores que buscam segurança e retornos consistentes, principalmente em períodos de alta inflação”, afirma.
Renda variável
O mercado de renda variável, contudo, pode enfrentar desafios, exigindo uma análise criteriosa por parte dos investidores. A alta taxa de juros, por exemplo, tende a exercer pressão negativa sobre o mercado de ações. “Empresas com maior alavancagem financeira podem enfrentar custos maiores de financiamento, afetando sua lucratividade”, diz Lima. “No entanto, setores menos dependentes de crédito e com capacidade de repassar custos ao consumidor, como o de consumo básico, podem se destacar.”
Metrópoles
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