Porto Velho, RO – O Portal UOL publicou um artigo sob o título “Razões por trás dos altos índices de homicídios femininos em Rondônia, o estado líder nesse quesito no Brasil”. Nas palavras de Nádia Pontes, autora do texto, o estado apresenta a maior taxa de feminicídios em todo o país, excedendo quase três vezes a média nacional. Especialistas apontam problemas relacionados à capacitação policial, falta de punição e a influência crescente de grupos religiosos fundamentalistas como fatores contribuintes para esse cenário alarmante.
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Por que Rondônia é o estado que mais mata mulheres no Brasil
Há um trimestre, Carla* (pseudônimo utilizado para preservar a identidade), não tem contato com os filhos. No episódio mais recente de tentativa, ocorrido às vésperas do Dia das Mães, Carla foi esfaqueada por seu ex-marido diante de sua residência. Os ferimentos resultaram em lesões no tórax, braço e mãos. A agressão só cessou quando um entregador de moto, que passava pelo local, interveio, permitindo que Carla escapasse.
Em sua própria descrição à DW, Carla relata: “Ele fez de tudo para arrancar meu olho e quebrar meu pescoço. Se ele estivesse armado, teria me matado.” A sobrevivente, 34 anos, recorreu ao isolamento para assegurar sua segurança. Casada com o agressor desde os 18 anos, Carla vivenciou um relacionamento marcado pelo ciúme excessivo do parceiro. A situação agravou-se quando ela obteve um cargo público e precisou realizar um treinamento fora da cidade. Nesse período, Carla descobriu que estava sendo monitorada por um aplicativo clandestinamente instalado em seu celular pelo então marido.
A polícia civil de Rondônia, onde o atentado ocorreu, está conduzindo a investigação do caso de tentativa de feminicídio. O estado detém a maior taxa de feminicídios no Brasil, registrando 3,1 vítimas a cada 100 mil habitantes em 2022. Esse número ultrapassa o dobro da média nacional, que foi de 1,4, de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
No quesito de homicídios de mulheres, Rondônia também lidera, apresentando uma taxa de 11,2 vítimas a cada 100 mil habitantes, quase três vezes superior à média nacional de 3,9.
Débora Machado, representante da Defensoria Pública de Rondônia, que acompanhou o caso de Carla, observa: “Assim como em toda a sociedade, persiste em nossa realidade um sistema patriarcal profundamente enraizado e predominante, permeado por ideologias machistas. Isso propicia a objetificação e subordinação da mulher.”
Com informações do UOL