Jean Paul Prates, o presidente da Petrobras, apresentou e explicou o novo modelo de precificação de combustíveis implementado pela nova gestão da empresa durante uma audiência pública conjunta das Comissões de Infraestrutura (CI) e Desenvolvimento Regional (CDR) na quarta-feira, 16 de agosto. Esse modelo leva em consideração os gastos da empresa na moeda nacional e tem como objetivo tornar a precificação dos combustíveis mais equitativa para os consumidores. Prates defendeu o aumento recente no preço da gasolina, afirmando que a nova política de preços tem se mostrado eficaz.
A reunião foi convocada em resposta a pedidos dos senadores Confúcio Moura (MDB-RO), Lucas Barreto (PSD-AP), Laércio Oliveira (PP-SE) e Zequinha Marinho (Podemos-PA) para que o presidente da Petrobras explicasse as mudanças no cálculo dos preços dos combustíveis. A empresa vinha utilizando o Preço de Paridade de Importação (PPI) desde 2017, que se baseava em valores denominados em dólares de empresas exportadoras de combustíveis para o Brasil.
De acordo com Prates, os preços atuais dos combustíveis são determinados por um cálculo complexo que leva em consideração diversos fatores, incluindo a localização da produção, o destino e outras variáveis, incluindo o PPI. Ele argumentou que essa abordagem garante um preço mais justo para o consumidor final.
Prates explicou: “Esse modelo envolve 40 mil equações diferentes, utilizando programação linear. Onde quer que o cliente esteja localizado, podemos simular o melhor modo de transporte, o melhor petróleo para refinar na refinaria mais próxima… A Petrobras desenvolveu esse modelo ao longo de décadas, e ele deve ser usado.”
Os senadores presentes na audiência, liderados por Confúcio Moura, questionaram a relação entre a adoção do PPI e as crises gerenciais enfrentadas pela Petrobras em 2017. Prates respondeu afirmando que o PPI foi adotado por razões ideológicas e não era compatível com a auto-suficiência do Brasil em petróleo. Ele enfatizou que a Petrobras tinha inúmeras despesas na moeda local e vantagens econômicas, como produção interna, frota própria de navios e domínio de mercado, tornando a dependência apenas de preços internacionais ilógica.
Na visão de Prates, “O PPI é o maior erro que um país pode cometer quando não é um importador. Por que adotaria o preço da refinaria da Alemanha, do Texas, (…) mais frete, mais despesas incorridas na porta das refinarias brasileiras? Isso é como adotar o preço do concorrente menos eficiente que você tem. Em 2017, houve 118 ajustes de preço na cabeça do povo brasileiro, quem pode viver com isso? Isso não tem a ver com ideologia, é pura lógica: não deu certo.”
Prates também destacou o recente aumento no preço da gasolina, indicando o compromisso da gestão com o método de precificação. O preço da gasolina Tipo A, produzida pelas refinarias de petróleo e entregue diretamente às distribuidoras, deve aumentar cerca de 16%, com um litro sendo vendido às distribuidoras por R$ 2,93, conforme relatado pela Agência Brasil.
Prates observou: “Qual foi o teste proposto? ‘Vamos ver o que acontece quando o preço internacional aumentar, a Petrobras vai ajustar?’ Nós ajustamos. Portanto, a política passou no teste, e faremos ajustes quando necessário.”
Os senadores também levantaram preocupações sobre a exploração de petróleo offshore no Amapá. Prates explicou que o atraso se deve à priorização de regiões de produção mais eficientes, como a Bacia de Santos, e aos processos naturalmente demorados de licenciamento ambiental e produção de petróleo.
Em relação à transição para fontes de energia sustentáveis, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) destacou a crescente importância do hidrogênio verde e seu potencial de investimento no Brasil. Prates compartilhou que espera que a relevância do petróleo diminua nas próximas cinco décadas e discutiu a capacidade da Petrobras de desenvolver sistemas de energia eólica offshore.
Em conclusão, a audiência contou com a participação ativa de vários senadores, com discussões que abordaram desde políticas de preços de combustíveis até estratégias de transição energética e preocupações ambientais.
Via Agência Senado