Porto Velho – O secretário municipal de Projetos Especiais e Defesa Civil (Sempedec), Vicente Bessa, junto a diversos técnicos de sua equipe, participou da reunião promovida pelo Sistema de Defesa da Amazônia (Sipam), que reuniu, na última quarta-feira (03), representantes das defesas civis dos estados de Rondônia, Acre, Amazonas e Mato Grosso, e também órgãos que produzem estudos técnicos de meteorologia, geologia e hidrologia, como o Centro Nacional de Monitoramentos e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), entre outros.
O principal objetivo do evento foi o de preparar as regiões da Amazônia Ocidental para os efeitos do fenômeno El Nño em 2016. Para o caso do município de Porto Velho, as previsões são de seca acompanhada de uma das maiores enchentes.
“Espera-se uma enchente menor que a de 2014 e maior que a deste ano, que foi considerada a quinta maior. Vamos trabalhar esperando pela cota máxima do rio Madeira, que é a cota 60, quando o rio atinge a altura de dezessete metros e meio”, explicou o secretário.
O que afeta o comportamento do rio Madeira, determinando a intensidade das cheias anuais, é o volume de água na Bacia do Guaporé, o volume de água na Bacia do Mamoré, que compreende os rios Beni, da Bolívia, e Madre de Dios, do Peru, e também a quantidade de chuvas que caiam sobre o próprio município de Porto Velho.
As previsões para o próximo ano é de uma seca mais intensa na região do município, com maiores problemas com queimadas, inclusive. Contudo, o El Niño deve acarretar maior cheia nas bacias do Guaporé e do Mamoré.
“O Peru e a Bolívia já se encontram em estado de emergência e muitos problemas já estão acontecendo por lá. Dos três fatores que envolvem as enchentes do Madeira dois vão afetar muito o comportamento do rio, enquanto que em Porto Velho as chuvas deverão ficar abaixo da média. Por isso a enchente deve ser menor que a de 2014, porque um dos fatores não incidirá de forma determinante, mas deverá ficar acima da de 2015, porque os dois outros fatores estarão bastante alterados”, destacou Bessa.
As previsões, porém, não levam em conta outros fatores que poderiam agravar a situação, como, por exemplo, um caso de abalo sísmico nos Andes, que poderia acarretar maior desmoronamento de geleiras, fazendo subir ainda mais os rios da Bolívia e Peru.
“Não são apenas a quantidade de chuvas, mas, principalmente, a intensidade de degelo nos Andes. Isso faz com que os rios se elevem e afete toda essa região da Amazônia”, disse o secretário.
A reunião teve por base a modelagem hidrológica da pré-cheia de 2016 e os boletins climáticos de dezembro, janeiro e fevereiro de toda a Amazônia. Como efeito, deve levar as defesas civis dos estados a construir seus planos de contingência levando em conta ações em conjunto que possam dirimir dificuldades na região.
O plano de contingência se refere às ações a serem demandadas, quanto se espera gastar e como se pode executar os serviços. Desde o ano passado o município de Porto Velho vem se articulando com Guajará-Mirim e Rio Branco.
“Neste ano, a Defesa Civil do Amazonas solicitou ajuda para Humaitá. Marcelo Santos, nosso coordenador da Defesa Civil Municipal, esteve conversando com o prefeito daquele município, para acertar algumas ações conjuntas que logrem bons resultados”, afirmou Bessa.
As ações preventivas em Porto Velho vêm sendo levadas a efeito com a retirada de famílias das áreas de risco iminente e com o atendimento às comunidades com água potável, o que ocorreu ao longo de todo o ano. Também estão sendo instaladas placas nas áreas de riscos para prevenir desbarrancamentos e três bases de apoio da Defesa Civil Municipal estão sendo montadas no município. Uma delas fica no distrito de Nazaré, outra na zona urbana e outra no distrito de Abunã. “Nessas bases teremos barracas, colchões, cestas básicas e água, para atender mais rapidamente a desalojados e desabrigados.
Em decorrência da enchente deste ano, já vínhamos atendendo a duas mil quinhentas e oitenta e nove famílias. É possível que no próximo ano tenhamos que atender a mais de quatro mil famílias. Estamos esperando uma enchente semelhante a do ano de 1997”, finalizou o secretário.