- Nem eu!!
- “Nunca fiz amigos bebendo leite!” Segundo conta a lenda, essa frase célebre, provavelmente proferida depois de fartos goles, seria de autoria de Vinícius de Moraes, um profissional em fazer amizades em volta (nem sempre) de concorridas e sorridentes mesas de bar na orla alvissareira da Zona Sul carioca. O álcool, em suas diferentes formas de apresentação e consumo, produz uma certa magia nos corpos humanos. O sorriso chega mais fácil, a tristeza parte mais rápido, a ousadia se apresenta como parceira e as ideias sentem-se no direito de sair da mente com velocidade e eloquência pouco comum. É quase transcendental.
- É coisa antiga
- A produção de bebida alcoólica data por volta de 8.000 a.c., oriunda de uma região distante do norte da China. Alguém, com pouco coisa para fazer, descobriu ser aquele “goró” uma fermentação de arroz, mel, uvas e uma qualidade de cereja local. O pesquisador da Universidade da Pensilvânia, Patrick McGovern, afirmou que tal bebida teria um teor alcoólico intermediário entre a cerveja e o vinho, porém com gosto mais amargo. De lá para cá, a criatividade humana, na combinação de possibilidades para produzir “birita”, quase chegou ao infinito… e elas surgiram aos montes. Os gregos antigos já cultivavam 60 tipos diferentes de vinhos antes de Roma se tornar o que foi.
- Sabedoria
- A cerveja é atualmente a terceira bebida mais ingerida no mundo, perde apenas para a água e para o chá. Ela surgiu lá pelos lados do Egito antigo, por volta de 7.000 a.c. No início, era algo extremamente elitizado, depois, foi massificada, caiu no gosto do povão, ganhou caráter dominador e até manipulador. Na construção das pirâmides de Gizé, o Faraó oferecia a cada um dos milhares de escravos, diariamente, 5 litros de cerveja, para alimentar e animar a rapaziada na dura tarefa cotidiana. O vinho, com os séculos, tornou-se filosofia pura. Alexandre Fleming, nobre cientista inglês do início do século XX, dizia: “A penicilina cura os homens, mas é o vinho que os tornam felizes”. Sobre o champagne, Napoleão foi preciso: “Na vitória é merecido, na derrota é necessário”. Mas nada se compara com a filosofia popular contida num provérbio português: “A quem não bebe vinho, o Diabo leva por outro caminho”…
- A propósito
- Toda essa lenga-lenga veio a propósito do convite recebido por mim para o aniversário de um amigo de vários pares de anos. Entre charges do Chico Caruso, despontava no cartão a frase: “Nunca fiz amigos bebendo leite…” Aquilo era mais do que a mera citação do saudoso Vinícius (que Deus o tenha na eterna cevada). Era um autêntico convite à vida, ao prazer, à alegria, cuja dependência (de existir ou não) está em nós mesmos. Entre copos, risadas e filosofias impensáveis, consolidam-se amizades, libertam-se corações e amiúdam-se responsabilidades. O que pode ser melhor?
- Só sessenta
- Aniversário de sessenta anos, nos dias generosos de hoje, é processo natural para muitos. No entanto, poder comemorar seis décadas com sorrisos fartos, amigos diversos, dívidas quase administradas, dores sufocadas, reumatismo controlado e otimismo a contagiar meio mundo… não e para todos. Rio de Janeiro, Brasília e Porto Velho, em momentos diferentes, foram privilegiados com a parceria dos copos, dos abraços, dos sorrisos e da cumplicidade necessária à relação de todas as pessoas. Mesmo que você seja abstêmio convicto… relaxe e junte-se à mesa… agora é hora de usufruir aquilo que a vida tem de melhor e seguir em frente. Ao sessentão, e só a ele, meus parabéns!