Nomeação da Bailarina da Praça é ato de justiça cultural em Porto Velho; PM ainda deve um pedido de desculpas

A ação vergonhosa e truculenta da Polícia Militar de Rondônia ainda está a merecer um pedido de desculpas do Comando da Corporação

A recente nomeação de Elielza Ramos Freire, carinhosamente conhecida como Bailarina da Praça, para um cargo na Assessoria Geral de Governo da Prefeitura de Porto Velho, é mais do que um gesto simbólico: trata-se de um reconhecimento legítimo e histórico à trajetória de uma das figuras mais queridas da capital rondoniense. A ação do prefeito Léo Moraes não apenas valoriza a cultura popular, como também responde a um clamor coletivo, refletido na expressiva repercussão positiva nas redes sociais.

Conhecida por sua presença marcante em praças e eventos públicos desde os anos 1990, a Bailarina da Praça representa a arte acessível, espontânea, movida pela alegria e pela fé, e não por interesses ou status. Sem ser política, influencer, empresária ou “doutora”, ela conquistou, com passos de dança e generosidade, um espaço perene no imaginário popular de Porto Velho. Sua imagem se tornou um verdadeiro símbolo de resistência cultural.

Ao nomeá-la oficialmente, o prefeito Léo Moraes rompe com a lógica do prestígio institucional tradicional, valorizando o que realmente importa: a conexão genuína com o povo, a dedicação ao bem comum e a representatividade cultural. A fala do prefeito resume esse reconhecimento: “Com sua dança, alegria e amor por Porto Velho, ela marcou gerações e é um patrimônio histórico da nossa capital”.

A Bailarina da Praça, mãe de três filhos e avó de cinco netos, enfrentou uma luta difícil contra o câncer e saiu vitoriosa, fortalecida por sua fé e pela solidariedade popular. Agora, com 55 anos, ela celebra não apenas sua saúde recuperada, mas uma conquista profissional inédita: “Depois de tantos anos, agora a Bailarina é funcionária do prefeito, isso não é uma alegria muito grande?”.

Além disso, a nomeação se torna ainda mais significativa diante de um episódio que feriu profundamente o sentimento coletivo: em 2023, durante o desfile cívico de 7 de Setembro, a Bailarina foi expulsa à força pela Polícia Militar enquanto se apresentava. O episódio gerou ampla revolta nas redes sociais, com críticas à atuação da PM, considerada desrespeitosa e injustificável diante de uma manifestação pacífica e tradicional.

Diante da reparação moral promovida pela Prefeitura, a ausência de um pedido de desculpas oficial por parte do comando da Polícia Militar de Rondônia ainda ecoa negativamente. A cidade viu, estarrecida, uma artista popular ser tratada com truculência em um evento público – e até hoje aguarda que a corporação reconheça o erro e se desculpe publicamente. Ainda é tempo.

A trajetória da Bailarina da Praça foi homenageada recentemente pelo Bloco Pirarucu do Madeira, que a escolheu como tema do desfile carnavalesco deste ano: “A Dança da Resistência”. A escolha celebra sua arte como ferramenta de transformação social e reforça seu papel como ícone da cultura popular portovelhense.

A nomeação de Elielza – SIM, É VERDADE: ESTE É O NOME DA NOSSA QUERIDA BAILARINA – é um passo importante na valorização de quem representa o povo em sua forma mais simples e verdadeira. E é também um lembrete: respeito e reconhecimento não dependem de títulos, mas de trajetória, entrega e amor pela cidade. Que esse exemplo inspire mais ações em prol da cultura e da justiça social. E que a PM faça o que ainda não fez: um pedido de desculpas à altura da grandeza da Bailarina da Praça.

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