Voltar a estudar para recuperar o tempo perdido e andar de ônibus sem sofrer com olhares indiscretos das pessoas. Esses são os primeiros desejos que Sabrina Kelly, 28 anos, pretende realizar após recuperação de cirurgia bariátrica de redução de estômago a que foi submetida recentemente. Sofrendo desde a infância com o excesso de peso, Sabrina diz que desistiu de estudar muito cedo, por sofrer bullying.
No total, R$ 1,5 milhão foi investido pelo governo de Rondônia na compra de equipamentos de última geração para que o programa avançasse. Desse total, parte foi utilizada na compra de material de uso descartáveis, indispensáveis para o procedimento.
De acordo com o médico Oziel Júnior, coordenador do programa e especialista no método de incisão por videolaparoscopia, apesar de ser mais cara, é mais segura para o paciente. É a chamada cirurgia fechada, sem necessidade de cortar a barriga do paciente.
Ele explica que pelo novo método, o paciente não precisa de leito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A não ser que tenha algum problema durante o procedimento. Após 24 horas, recebe alta. Pode voltar a andar em dois dias e iniciar uma rotina de exercícios leves como caminhada em cerca de 10 dias.
Pelo método de cirurgia aberta, o paciente passa, necessariamente, por UTI. O risco é muito maior, inclusive de contrair infecções, explicou, acrescentando que tem um período de internação de pelo menos cinco dias. Com isso, o custo é praticamente o mesmo da videolaparoscopia. Oziel Júnior ressaltou que o índice de morte na cirurgia aberta é de 1 para cada 100 casos. Já utilizando a nova técnica, o risco cai de 1 para cada mil casos.
Além da economia e qualidade, o novo método colabora muito com a questão estética, principalmente em pacientes do sexo feminino, líder em procura pelo tratamento. De cada 10 pessoas que buscam o serviço, sete são mulheres, afirma Oziel Júnior.
Considerada uma das doenças mais graves do milênio, a obesidade é apontada como epidemia no Brasil, pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com Oziel Júnior, estima-se que pelo menos 30 milhões de pessoas sofrem com a doença.
META PARA 2016
Com a aprovação, o MS vai destinar verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) para custear os serviços. Hoje, o custo total é bancado pelo governo de Rondônia.
Em 2010, o Brasil divulgou um censo sobre a obesidade. Esse trabalho foi feito pelo MS. Os dados apontam Rondônia em oitavo lugar entre os Estados com mais obesos do País; e o segundo da região Norte, perdendo apenas para o Acre.
O mesmo senso trouxe uma informação assustadora: 80% da população que morre após os 60 anos, tem morte em decorrência de doenças relacionadas ao estilo de vida, ou seja, males evitáveis.
Pode-se dizer que de cada 10 pessoas que completam 60 anos, oito estão morrendo vítimas de doenças que poderiam ter sido evitadas, referentes à alimentação, estilo de vida e atividade física.
Considerados problemas de países ricos, o sobrepeso e a obesidade estão em alta nas nações de baixa e média rendas, em especial nas áreas urbanas, conforme estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No mundo todo, já são responsáveis por mais mortes do que a desnutrição.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou, recentemente, os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), indicando que o peso dos brasileiros vem aumentando nos últimos anos.
O excesso de peso em homens adultos saltou de 18,5% para 50,1% ou seja, metade dos homens adultos já estava acima do peso e ultrapassou o índice de mulheres, que foi de 28,7% para 48%.
Texto: Zacarias Pena Verde