Toda greve é uma queda de braço entre patrões e trabalhadores. No caso dos servidores federais da educação, não é diferente. A greve dos professores já atinge 57 Universidades Federais. A greve dos técnicos educacionais das Universidades também atinge 66 Universidades. Nos Institutos Federais, milhares de servidoras(es) técnico-administrativas(os) – TAEs e docentes, reunidos em 79 seções sindicais, já aprovaram adesão em mais de 550 unidades da Rede Federal, espalhadas por 26 estados/unidades da federação.
O movimento grevista tem se intensificado e a tendência é a de radicalização nas ações com objetivo de pressionar o governo Lula a atender a reivindicação da categoria. O balanço feito pelo ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes é o de que “A greve é um instrumento histórico da classe trabalhadora que garante avanços de direitos e, com isso, move a conjuntura. Não está sendo diferente com a greve da educação federal de 2024, quando o governo avançou, mesmo que de forma tímida, no sentido de garantir reajuste de auxílios a partir deste mês, ainda que aquém do pleiteado; anunciou a devolução de R$ 347 milhões para o orçamento das IFEs, embora isso mal reponha o que foi cortado na proposta orçamentária de 2023 para 2024; e se moveu com a proposta de 15 de maio, que, porém, representa uma inflexão a nossa proposta de recomposição salarial e valorização da carreira. O Governo, ao combinar reestruturação de carreira com recomposição salarial, apresenta índices de recomposição artificiais. Essa proposta está muito aquém do atendimento às nossas reivindicações, onde alguns pontos nem sequer foram considerados e outros considerados de forma insuficiente, mas reconhecemos que os avanços se tratam de vitórias do movimento grevista”.
Na avaliação do Comando Nacional de Greve (CNG) do ANDES Na avaliação do CNG, “a pauta da recomposição orçamentária das instituições é incontornável. O estrangulamento orçamentário é insuportável, impactando negativamente nas condições de trabalho, estudo e permanência. Isso se traduz também no crescente adoecimento de trabalhadores, trabalhadoras e estudantes”.
A mobilização de diversos segmentos estudantis também tem se intensificado. No Campus da UNIR de Rolim de Moura, estudantes de pedagogia deflagraram greve, se recusando a frequentar aulas de professores não-grevistas. “Apoiamos a mobilização de docentes e técnicos e exigimos melhores condições da infraestrutura no campus. Nosso Restaurante Universitário nunca foi inaugurado e enquanto isso a reitora da UNIR e sua trupe gasta diárias em evento de latifundiários em Ji-Paraná”, desabafa uma estudante de Pedagogia. Outro estudante, do curso de História de Rolim de Moura destaca: “Queremos dizer em alto e bom som aos nossos colegas estudantes que não apoiam a greve: nosso inimigo é esse governo que não valoriza a educação e não os grevistas! É o momento de se UNIR a luta de nossos professores e técnicos por mais recursos para as universidades, valorizando a produção de conhecimento científico que sirva ao povo!”
Para a presidente da ADUNIR, Prof.ª Marilsa Miranda de Souza, o momento é de intensificar a mobilização, “inclusive intensificando as pautas locais, a exigência de revogação de medidas perniciosas para a educação, o Revogaço: revogar o Novo Ensino Médio que aniquila o caráter transformador da educação e reduz a qualidade de ensino, revogar a nomeação de interventores nas universidade, revogar decretos e instruções normativas que ataca a educação e a classe trabalhadora”.
Sobre o Novo Ensino Médio, oito em cada dez alunos(as) que concluíram a escola em 2023 disseram estar insatisfeitos com os componentes curriculares do Novo Ensino Médio. Diante da redução da carga horária de disciplinas essenciais, como geografia, história e química, as aulas foram tomadas por conteúdos irrelevantes, desestimulando o interesse dos educandos pelo processo de ensino-aprendizagem. “É a destruição da educação básica e da formação dos estudantes” desabafa um professor do IFRO.
A manifestação em Porto Velho é convocada pela ADUNIR, SINTUNIR, SINASEFE e SINDSEF, com início às 16h na praça Getúlio Vargas.