Terminadas as eleições gerais de 2022, o Brasil sai do pleito do mesmo jeito que entrou: com a maioria de sua população sem uma posição político-ideológica definida. Isso apesar de a extrema-direita ter reeleito o presidente do país bem como a maioria dos governadores estaduais e de ter conseguido praticamente a supremacia em todas as casas legislativas. Das assembleias legislativas nos Estados passando obviamente pelo Congresso Nacional, Jair Bolsonaro e sua turma “passaram o rodo” e conseguiram eleger quase todos os seus candidatos. A derrota da esquerda no Brasil é histórica e apenas reflete aquilo que acontece em quase todas as eleições: quem está comandando a máquina e tem a chave do cofre, geralmente não tem muitas dificuldades de atrair o voto dos muitos eleitores pobres e miseráveis do país. E foi assim com o próprio PT em eleições passadas.
Além do mais, as esquerdas no Brasil nunca foram unidas. Veja-se, por exemplo, o caso do candidato Ciro Gomes. A própria mídia, bastante afinada com o pensamento da direita e da extrema-direita, execrou Lula e o PT durante a operação Lava-Jato e dessa maneira contribuiu para a ascensão de Jair Bolsonaro e de sua turma ao Planalto. Embora a maioria de nossa população não seja da extrema-direita, vai ser muito difícil a partir de agora tirar os reacionários direitistas do poder. A não ser que se dê um golpe como aquele dado em 2016. A esquerda quando governou o país entre 2003 e 2016 pouco ou nada fez para mudar o establishment. Lula não acabou com a desigualdade social monstruosa que temos. Não investiu em um novo e moderno sistema de educação. Não tirou ninguém da miséria. Fez só umas “coisinhas” aqui e ali e não preparou o Brasil para os novos desafios.
Ainda assim, os esquerdistas se envolveram em vários escândalos de corrupção e de muitas roubalheiras. O assalto à Petrobrás, o Mensalão e tantos outros vergonhosos acontecimentos durante os governos petistas marcaram para sempre a sofrida sociedade nacional. Zé Dirceu, Antônio Palocci, Geddel Vieira Lima, Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Pedro Barusco e tantos outros cidadãos que dilapidaram o Estado jamais serão esquecidos pelos políticos da direita. “Lula apenas mostrou o consumo a alguns pobres”, teria dito o ex-presidente do Uruguai José Mujica. De fato, a miséria não foi debelada totalmente. Apenas amenizada e em alguns poucos casos apenas. Os banqueiros ganharam dinheiro como nunca durante os governos de esquerda no Brasil. E esse papo de “dar dinheiro para quem não trabalha” nunca foi um bom negócio. Foi um tiro no pé.
Sabe-se que Jair Bolsonaro também “não é flor que se cheire”, mas o desumano aprendiz de miliciano e genocida como presidente jamais investiu dinheiro dos brasileiros em “países amigos” e convenhamos que os casos de corrupção em seus quatro anos de governo não se comparam nem de longe a outros governos passados incluindo aí os poucos anos dos governos de esquerda. Bolsonaro foi muito cruel com os brasileiros durante a pandemia de Covid-19. Deixou faltar oxigênio em Manaus, impediu a chegada da vacina, manchou a imagem do Brasil no exterior, participou de “rachadinhas”, não respeitou o meio ambiente e em alguns casos foi mal-educado, homofóbico, grosso, negacionista, racista e misógino. Mas soube como baixar de última hora o preço da gasolina e abriu as torneiras do Estado para ajudar os pobres e miseráveis. Deu certo. Só resta agora ao PT chorar e fazer oposição responsável ao novo governo. Depois, acordei!
*Foi Professor em Porto Velho.