E se Bolsonaro fosse reeleito? – por Professor Nazareno

A íntegra da coluna redigida por Professor Nazareno

E pior é que esta terrível possiblidade quase que se concretizava. Jair Bolsonaro perdeu as eleições no segundo turno para o ex-metalúrgico Lula por uma margem muito apertada de votos. O petista teve apenas 50,9 % dos votos válidos, enquanto Bolsonaro teve 49,1 por cento, ou seja, uma diferença de menos e dois pontos percentuais. Foram pouco mais de dois milhões de votos num universo de quase 160 milhões de eleitores.  É quase certo que Lula e o PT não vão fazer um bom governo, como já aconteceu nas outras duas vezes anteriores, por isso a pergunta mais comum de se ouvir hoje é: e se fosse o Bolsonaro que tivesse sido reeleito, como seria o destino do Brasil a partir de agora? Aliás, já no primeiro turno dessas mesmas eleições o “Bozo” ganhou com folga a contenda e fez “cabelo, barba e bigode”. Elegeu senadores, governadores e deputados aos montes.

Desde o ano de 2019, início do governo de Jair Bolsonaro, que o Brasil degringolou de vez. Não foi um governo tão autoritário, mas foi fascista e incoerente o quanto pôde. Na questão ambiental, com essa gente no poder por mais quatro anos, os Yanomamis seriam extintos de uma vez por todas e a Amazônia seria riscada do mapa com tantos garimpeiros e destruidores da floresta. Bolsonaro disse que no seu governo não haveria um centímetro a mais de terra demarcada para os indígenas. Aí seria o fim de todos os povos originários, com certeza. O rio Madeira em Rondônia, por exemplo, seria tomado por multidões de garimpeiros em busca de ouro. Mercúrio às toneladas seria derramado sem dó no já debilitado e agredido rio. Outras áreas da região também seriam exploradas e a floresta inteira arderia sob o fogo. E ninguém punido. Seria a nova ordem.

Todas as minorias nacionais seriam escorraçadas e todos os seus direitos cassados. Homossexuais seriam mortos às centenas, os negros discriminados ainda mais, mulheres talvez até tivessem que usar burcas. E todo mundo armado. Com a reeleição, o Estado não seria mais laico. Religião, somente a evangélica. E todas as outras seriam perseguidas e seus adeptos punidos. O STF teria 15 ministros, oito dos quais colocados pelo presidente reeleito para que tivesse a maioria absoluta naquele tribunal. No Senado e na Câmara dos Deputados não haveria oposição. Todos os parlamentares de esquerda seriam cassados e caçados sumariamente. Universidades fechadas, professores presos, todas as escolas de ensinos fundamental e médio do país seriam transformadas em escolas militares. E os governadores seriam da direita e da extrema-direita assim como sempre foi em Rondônia.

Emissoras de televisão e outras mídias que não compactuassem com a nova ordem política seriam todas colocadas fora do ar. Sites, jornais e rádios não teriam censura abertamente, mas seriam “vigiados de perto”. A Globo não duraria um mês sequer na nova administração de Jair Bolsonaro. A BR-319 seria imediatamente asfaltada e multidões de grileiros, posseiros, madeireiros ilegais, invasores de florestas e outros tipos de bandidos chegariam ao seu entorno para ocupar as terras. A Amazônia, enfim, seria transformada em deserto e veria o seu triste fim. Milicianos e militares incompetentes assumiriam cargos importantes no governo e as vacinas seriam proibidas. Imunidade de rebanho a partir de 2023 para toda e qualquer doença provocada por vírus. As eleições seriam indiretas. Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro seriam os futuros presidentes do país. Ser roubado agora por Lula é fichinha diante do que a gente se livrou. Foi um alívio?

*Foi Professor em Porto Velho

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