Os parlamentares visitaram alguns lotes na primeira linha da Reserva, onde barracos e até casas foram derrubadas pela ação da secretaria. Eles ouviram relatos de moradores que reclamam da forma como estão sendo tratados e da falta de diálogo com o Governo.
“O que motivou a nossa vinda aqui foi, principalmente, a informação de que uma casa onde residia uma família, que há anos mora no lote, foi derrubada. Isso ocorreu depois de a Sedam ter anunciado que não iria mais derrubar casa de ninguém que morasse no lote”, relatou Maurão.
Boabaid informou que houve esse compromisso de suspender a derrubada de casas onde moram famílias, que seriam cadastradas. “A promessa era de que não iriam mais derrubar as casas. Mas, a barreira policial e a demolição dos barracos de lonas e outras construções improvisadas, de quem não mora no local, seriam continuadas”, explicou.
Choro e revolta
Gilson Gonzaga lamenta que ficou um ano construindo a casa, parte de alvenaria e a outra de madeira, para ser derrubada, sem sequer ter sido notificado. Ele foi ainda multado em R$ 10 mil.
“Tinha acabado de terminar a construção e nem cheguei a morar. Foi tudo abaixo. Mais de 10 anos que luto aqui dentro e todos os meus recursos estão aqui. Agora, não tenho mais nada e me sinto injustiçado e perdido, sem saber o que fazer e nem a quem recorrer”, disse, emocionado.
A esposa, Maria da Conceição, lembra das dificuldades para abrirem as picadas e formarem o pequeno lote, onde plantam café, mandioca, cacau e banana.
“Tanta luta, para acabar assim. Não somos bandidos, somos trabalhadores e queremos nosso direito de plantar e colher. Aqui só tem sapé, não tem mata. Não é mais reserva. Além de derrubar a casa, ainda levaram um motor e uma bomba de água. É desumano e revoltante”, desabafou.
Maria Raimunda, de 52 anos, mora na linha há cinco anos, com o marido, Raimundo de Brito, de 65. Ela conta que moravam numa casa de madeira e cultivavam no pequeno lote, para sobreviver. “Ninguém aqui é rico, ninguém aqui tem renda. Eu e meu marido vivíamos de plantar e colher. E agora, vamos ficar no meio do nada?”, questiona.
Os deputados se comprometeram a continuar buscando o diálogo, mas ressaltaram que é preciso cumprir a lei e verificar caso a caso. “Se estamos em uma reserva, é preciso seguir as normas. Mas, tem pessoas que estão na região desde antes da sua criação e possuem inclusive títulos do Incra. É preciso ver caso a caso e não cometer injustiça com quem trabalha”, finalizou Maurão.