Ele não deixa dúvidas quanto ao conteúdo das supostas provas juntadas contra os investigados da Operação Pau Oco ao dizer que se aplica, no caso, a teoria do fruto da árvore envenenada, ou seja, as “provas” seriam espúrias, ilegais
O vídeo é da SIC TV (Record). A reportagem, do jornalista Eduardo Kopanakis
Porto velho, Rondônia – O delegado Júlio Cesar, da Polícia Civil de Rondônia, que coordenou a segunda etapa da Operação Pau Oco, é citado em reportagem exibida nesta segunda-feira (29) pela SIC TV como suposto autor de uma gravação em que confessa que a polícia induziu o Tribunal de Justiça do Estado a erro a fim de determinar a prisão de oito pessoas e buscas e apreensões em 45 endereços, inclusive na casa do ex-governador Daniel Pereira (PSB), do ex-chefe da Casa Civil, Eurípedes Miranda, e do ex-deputado estadual Claiton Roque.
Segundo a reportagem, a autoridade policial refere-se à segunda fase da Operação Pau Oco, deflagrada pela Polícia Civil do Estado em abril deste ano para investigar supostas fraudes na Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam). O esquema consistiria na emissão ilegal de documentos para a retirada de madeira em áreas de proteção ambiental.
Na época, em entrevista ao portal G1, o delegado geral da Polícia Civil, Samir Foauad Abboud, disse o seguinte: “Se descobriu que a partir de abril do ano passado (2018) foi montada uma organização criminosa no governo passado, mais propriamente na Sedam, onde servidores tinham um amplo contato do ramo ambiental e madeireiro e montaram um esquema para ‘enfiar as mãos’ nos cofres públicos”.
Decorridos cerca de seis meses da operação, veio a público, nesta terça-feira, mensagem de Whatsapp atribuída ao delegado Júlio César em que este admite claramente que supostas provas juntadas ao inquérito- e que embasaram o pedido e deferimento de prisões e buscas e apreensões pela justiça – não passaram de “grande merda, bosta de elefante”, e diz aos seus interlocutores para orarem para que “não sejam prejudiciais pra gente”.
O delegado afirma ainda que as “provas” constituem erro grosseiro, doloso (quando há a intenção e se cometer um crime) para tentar induzir a justiça a erro.
“Em tese, estamos induzindo magistrado ao erro sobre a existência de organização criminosa, e isso muda tudo”, diz o delegado no áudio exibido pela SIC TV.
Ele não deixa dúvidas quanto ao conteúdo das supostas provas juntadas contra os investigados da Operação Pau Oco ao dizer que se aplica, no caso, a teoria do fruto da árvore envenenada, ou seja, as “provas” seriam espúrias, ilegais.
Loquaz, Julio Cesar diz ainda que o ex-governador Daniel Pereira foi incriminado sem provas e que, por isso, o ex-chefe do Executivo estadual poderia entrar com uma ação de indenização por danos morais contra o Estado de Rondônia. “Vamos acabar dando dinheiro para esse cara”, acrescenta a autoridade policial sobre a possibilidade de o Estado ser obrigado a indenizar o ex-governador por ter sido incriminado injustamente.
“vamos orar a Deus para que (os advogados, a justiça…) não percebam. Não acho que vão ouvir os áudios. Se preparem para defender…”, diz o delegado aos seus comandados.
Preocupado com a gravidade do que fez a polícia, o delegado diz que seu departamento poderá ser desmoralizado, mas que o “erro” não seria só seu. “O erro não é de um, é de todos. Vamos responder todo mundo junto”.
Tudorondonia e SIC