1. Pacto da mediocridade aristocrática rondoniense
Simplesmente não dá para acreditar!!!… Queria eu ter uma mente mais “aberta”, despojada de alguns princípios banais e quase supérfluos trazidos do berço (tais como a indignação diante do óbvio ululante) para não ver e, ainda assim, sendo visto por estes olhos de um castanho pouco sexy, não desse a mínima. Todos nós estamos carecas de saber os graves problemas relacionados às obras públicas… e isso, infelizmente, não é um privilégio apenas de nosso lindo e próspero estado de Rondônia. Nossa incapacidade de transformar em obras de qualidade o dinheiro arrecadado por intermédio de impostos é preocupante.
2. Um caso emblemático
Apesar dessa constatação, não deixa de causar espanto ver a realidade do famigerado e amaldiçoado “Espaço Alternativo” de Porto Velho. Trata-se de pouco mais de 2 mil metros de um pedaço de estrada transformado em pista de caminhada pelo atlético povo da capital. Primeiro, o prefeito anterior, num ar de inspiração mítica, talvez atingido pelos feitiços de Dionísio, Deus do vinho, da loucura e da natureza, resolveu transformar aquele espaço numa floresta fechada… repleta de duendes. Num dia de inspiração divinal, por lá plantou, a esmo, milhares de árvores numa competição meio desmiolada com uma outra cidade qualquer. O fato é que uma nova floresta estava a caminho de se fixar no meio do Espaço Alternativo.
3. Outro tiro na sombra
Em seguida, outro Governo de Plantão, às vésperas da eleição de 2014, decidiu transformar o Espaço Alternativo na porta de entrada do céu. Com um projeto mirabolante e maquetes de estilo faraônico, anunciou a realização de uma obra de grande impacto para os malhados habitantes da cidade de Porto Velho. Em meses, e não mais do que isso, uma nova paisagem tomaria conta daquele local. Urbanizado, limpo, colorido, gramado, cheio de obras de arte, cuja utilidade ninguém tem sequer a ideia da finalidade… estavam lá no projeto, nos outdoors, nos banners. Com uma bolada, segundo gritarias na Assembleia Legislativa, de 26 milhões de reais, a obra, com várias datas de conclusão vencidas, prometia ser o bicho… não foi sequer um bichano lombriguento … ainda!
4. O grande Pacto da Mediocridade local
Os problemas tanto da licitação quanto da fiscalização são enormes, e a responsabilidade pelo aprimoramento desses mecanismos cabe à classe política. Não obstante a superação desse nó, difícil de ser desatado, é extremamente emblemática a falta de compromisso e de sensibilidade das nossas briosas e atléticas autoridades locais. Todos os dias, vemos pessoas do Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Poder Executivo, do Ministério Público Federal, do Ministério Público Estadual, do Tribunal de Contas do Estado, do Tribunal de Contas da União, da Advocacia Geral da União, entre outros comandantes divinos, desfilando seus corpos, por vezes, nem tão sarados assim, pelo asfalto desgastado, trincado e remendado do Espaço Alternativo… todos os dias, lá estão… e parecem não ver nada!!! Não sentir nada!!!
5. Quem vai levantar a bandeira da solução?
A obra é um desastre de engenharia. Eu não sou da área, mas observar aquela calçada toda estourada, depois de dois meses de concluída, é triste. Não quero entrar no mérito das questões “pilantrescas” desse processo. A Justiça que resolva no momento adequado. A cidade, no entanto, precisa da obra, e o prejuízo de não concluí-la só aumenta a cada dia (assim como outras na cidade e no Estado). É o nefasto pacto da aristocrática mediocridade no qual todos olham e fingem nada ver… porém a vida segue!! Por que alguém, apenas um, não toma a iniciativa de chamar e juntar todas essas pessoas numa sala para resolver o óbvio. Por qual motivo não se despem de vaidades seculares e constrói-se uma alternativa, com vistas à conclusão da obra? Promovam um TAC em favor da cidade de Porto Velho e ajudem a resolver o problema. Afastem a empresa, prendam culpados, entreguem os meliantes para o Estado Islâmico, multem, repactuem preços, acertem diferenças, mas, pelo amor dos deuses gregos que dormem no Olimpo, resolvam aquela vergonha por onde muitos de vocês passam todos os dias!… Opa!!! Ou ainda não tinham reparado nesses míseros detalhes??? Jamais deixemos o povo meditar sobre a questão secular da existência do Poder: “para que servem, afinal, essas autoridades?”