1. Coisas não vistas… nem feitas!!!!
Não podemos dizer coisas depreciativas acerca do gosto dos nativos sobre cinema, teatro ou shows culturais de qualquer natureza. Não obstante, a frequência com que os alegres tupiniquins se deslocam para esses espaços ou dedicam tempo e dinheiro a eles não é modelo de referência para nada… digamos ser tais investimentos ainda modestos comparados a outros povos mundo afora. As causas de tal cenário são variadas, complexas e históricas. Não obstante, algumas curiosidades chamaram a atenção e apontam para uma tendência promissora.
2. Muita gente de fora
Segundo o Sistema de Indicadores de Percepção Social – SIPS, órgão vinculado ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, de 2010, mais da metade do povo brasileiro nunca havia pisado em uma sala de cinema. Cerca de 60% das pessoas jamais foram a um teatro ou show musical e 70% nunca entraram em um museu. Ressalte-se ser o fator econômico um entrave a ser superado. Uma família com quatro pessoas, em um programa de cinema com refrigerante e pipoca, não deixa de gastar algo próximo de R$100,00. Tal valor, nos dias de hoje, constitui uma dura barreira a ser superada.
3. Mais gente na fila da pipoca
Apesar de dados tão tímidos, as políticas públicas empreendidas pelos diferentes governos trouxeram resultados positivos nos últimos anos para os entusiasmados brasileirinhos em vias de se tornarem amantes das artes e da cultura. Numa pesquisa realizada pelo Ibope em 2014, constatou-se um aumento de 43% do número de brasucas que já frequentaram as nossas salas de cinema no espaço temporal de 5 anos. Mesmo sendo um número significativo, ainda assim, apenas 17% de nosso povo aparece por lá de forma frequente.
4. Não é só em Hollywood
Este assunto surgiu a partir das informações sobre o mundo cinematográfico lidas em matéria de uma publicação europeia recente. Alguns pontos daquele tema chamaram a minha atenção. Sem entrar no mérito da qualidade, a indústria cinematográfica americana não é a maior do mundo. A Índia, com suas bilheterias a preços médios de R$0,20, é a maior. Lá existe um aquecidíssimo mercado, com frenética produção, onde a famosa Bollywood, uma mistura de Bombaim com Hollywood, faz sucesso em toda a Ásia e em países com expressiva presença de comunidades indianas. Depois deles, vem a Nigéria, com sua famosa Nollywood, onde mais de 2.000 filmes são produzidos em um centro cinematográfico com mais de 200 mil empregos diretos e custos reduzidos para os padrões mundiais. Suas temáticas locais, envolvendo corrupção policial, AIDS e romances conquistaram um espaço enorme no continente.
5. Tornando a cena humana
Não obstante todo esse blá-blá-blá, há algo que une e chama a atenção dos mais chatos e dos sempre presentes empentelhadores. Os filmes, com seus enredos envolventes, normalmente, não conseguem passar a imagem do cotidiano das pessoas dentro de um mundo real. Mesmo sabendo ser o objetivo levar a fantasia (ou mensagem principal) para o imóvel observador sentado, não deixa de ser perturbadora essa constatação. Não me lembro de ver em filmes (fora as comédias caricaturadas) quadros do dia a dia das pessoas. Cenas reveladoras da vida. Alguém indo, por exemplo, ao banheiro com todas as roupas espaciais… dando um peidinho básico durante um passeio despretensioso… ou numa caminhada no entremeio de uma festa… muito menos, numa cena eletrizante de ação… Ou, quem sabe, um herói recebendo o salário minguado do final do mês… tirando uma meleca no elevador!!!… Coisas banais feitas por pessoas normais em suas rotinas. Pode ser falta do que fazer, mas essas situações, por circunstância, levam o desgraçado do herói para bem longe do espectador. Em tempo, penso eu serem atitudes normais… ou serei o único a pensar (e fazer) essas barbaridades?