Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) realizou, na manhã da última terça-feira, 11, uma audiência pública em sua sede, em Brasília, para discutir a concessão da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), infraestrutura essencial para o escoamento da produção agropecuária de Mato Grosso, mas que também beneficia o Sul de Rondônia. O evento reuniu representantes do governo, especialistas do setor e entidades ligadas à logística e infraestrutura.
A mesa diretora da sessão foi composta pelo ouvidor da ANTT, Robson Crepaldi, e pelo Secretário Nacional de Transportes Ferroviários, Leonardo Ribeiro, acompanhados pelo superintendente de Concessão de Infraestrutura, Marcelo Fonseca, pelo superintendente de Projetos Ferroviários da Infra S.A. e pelo coordenador de Modelagem de Projetos, Huber Tokunaga.
Também estiveram presentes Edeon Vaz, diretor executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso, e Carley Welter, diretor de Relações Institucionais da ANATC, ambos conselheiros do Instituto Brasil Logística (IBL).
No início da sessão, o secretário Leonardo Ribeiro ressaltou a importância da criação de um corredor ferroviário estratégico que se integrará à Ferrovia Norte-Sul, permitindo uma melhor conexão entre as regiões produtoras de Mato Grosso e os portos brasileiros. A iniciativa busca estruturar soluções eficientes para a otimização dos contratos existentes e a implementação de um plano ferroviário nacional que contemple o escoamento da safra mato-grossense.
*FICO e a transformação da logística em Mato Grosso*
A Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), designada como EF-354, terá aproximadamente 1.641 quilômetros de extensão em bitola larga quando concluída. Seu traçado conectará a Ferrovia Norte-Sul (FNS), em Mara Rosa (GO), até Vilhena, facilitando o escoamento da produção agropecuária do Centro-Oeste, especialmente de Mato Grosso.
*O projeto da FICO está dividido em três trechos:*
• Mara Rosa (GO) a Água Boa (MT): primeiro trecho em construção, com 383 km de extensão. As obras, iniciadas em setembro de 2021 estão sendo executadas pela mineradora Vale S.A. como contrapartida à prorrogação antecipada do contrato da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). A previsão de conclusão é 2026.
• Água Boa (MT) a Lucas do Rio Verde (MT): trecho de 505 km, fundamental para atender a produção de grãos do centro-norte de Mato Grosso, a maior região produtora de soja do Brasil. O projeto básico foi concluído em 2012, mas as obras ainda não foram iniciadas.
• Lucas do Rio Verde (MT) a Vilhena: com aproximadamente 646 km, este segmento visa conectar a região produtora de grãos do sul de Rondônia e facilitar o transporte de combustíveis e produtos industrializados. Ainda não há previsão para o início das obras.
Durante a audiência, o conselheiro do IBL, Edeon Vaz, ressaltou as dificuldades enfrentadas pelos produtores para escoar suas mercadorias devido aos altos custos logísticos. Ele criticou a modelagem atual, que favorece o monopólio, e defendeu a necessidade de mudanças para permitir maior concorrência intra-modal.
Vaz apontou a Ferrogrão como uma alternativa promissora para a adoção de um modelo de operador ferroviário independente, o que poderia reduzir os custos de frete. Ele também destacou que avanços significativos na FICO dependem de um maior aporte de recursos do Governo Federal.
A concessão da FICO representa um passo estratégico para aprimorar a infraestrutura logística de Mato Grosso, aumentando a eficiência do transporte de cargas e fortalecendo a competitividade do estado no cenário internacional.