José Saramago, renomado escritor português, provocativamente expressa sua posição contrária à tolerância, argumentando que simplesmente tolerar a existência do outro não é suficiente. Saramago sugere que a tolerância, ao conceder permissão para a diferença, ainda mantém uma dinâmica de superioridade entre os envolvidos. Neste artigo, exploraremos as nuances dessa visão, questionando a eficácia da tolerância e propondo a construção de relações genuínas, livres de seus limites.
Tolerância: Um Olhar Crítico
A tolerância, muitas vezes celebrada como uma virtude, pode, segundo Saramago, ser insuficiente para estabelecer relações verdadeiramente igualitárias. Ao tolerar, concede-se uma margem de espaço para a diversidade, mas sem a plena aceitação e compreensão do outro. Essa atitude, segundo o autor, mantém uma hierarquia sutil, onde um é tolerante e o outro é tolerado, criando desequilíbrios nas relações interpessoais.
Além da Tolerância e Intolerância
Contrastando com o tradicional debate sobre tolerância versus intolerância, Saramago propõe a exclusão de ambas dessas posturas em favor de uma abordagem mais autêntica. Em vez de tolerar ou repudiar, ele sugere a criação de uma relação que transcenda esses extremos, uma dinâmica onde a aceitação mútua e o entendimento genuíno floresçam.
Construindo Relações Autênticas
A proposta de Saramago levanta questões fundamentais sobre como construir relações autênticas. Isso implica ir além da mera tolerância, buscando compreender e respeitar as diferenças sem submeter o outro a uma posição de inferioridade. Essa abordagem demanda um esforço consciente para reconhecer a humanidade compartilhada, superando barreiras culturais, ideológicas e sociais.
Desafios e Oportunidades
Entretanto, implementar essa visão não é isento de desafios. A sociedade muitas vezes encontra conforto nas categorias de tolerância e intolerância, simplificando complexidades e evitando confrontar preconceitos arraigados. Superar esses obstáculos exige uma mudança cultural significativa, incentivando a empatia, a educação e a celebração da diversidade.
Conclusão: Rumo a uma Convivência Autêntica
A reflexão de José Saramago nos convida a repensar nossas abordagens tradicionais em relação à convivência humana. Em vez de nos contentarmos com a mera tolerância, somos desafiados a buscar uma compreensão mais profunda, construindo relações baseadas na aceitação mútua e no reconhecimento da igualdade entre os indivíduos. Em um mundo cada vez mais diversificado, a busca por uma convivência autêntica emerge como um imperativo para a construção de sociedades mais justas e compassivas.
Por Evan do Carmo