O Brasil tem um dos piores sistemas de Educação do mundo. Aqui, no geral, um indivíduo passa doze anos frequentando uma escola e de lá sai semianalfabeto. Não domina as quatro operações básicas da Matemática, não consegue ler um pequeno texto e é incapaz de escrever qualquer coisa compreensível em língua pátria. Falar outro idioma além do seu, como muitos alunos na Europa, no Japão ou nos Estados Unidos, nem pensar. Parece que o antropólogo Darcy Ribeiro tinha razão quando dizia que “a crise na Educação do Brasil não era uma crise, mas um projeto”. Ou seja, a Educação deste país foi feita para não funcionar. E não funciona mesmo. Há mais de um século, os países desenvolvidos e civilizados do mundo adotaram o ensino integral em suas escolas. Por aqui isso ainda é um privilegio raríssimo que tem apenas fins politiqueiros.
Como se esta tragédia nacional não bastasse, a população de um modo geral também não valoriza a Educação nem o saber. Aqui, raríssimas pessoas concluíram o Ensino Médio e se contam nos dedos os que têm um curso superior. Pós-graduação, Mestrado e Doutorado são mercadorias quase inexistentes numa sociedade que tem hoje mais de 210 milhões de pessoas. Os brasileiros em sua maioria não valorizam a Educação e os sucessivos governos sempre contribuíram para a piora desse vital setor. De direita ou de esquerda, em nenhum deles o saber, a leitura de mundo e a busca pelo conhecimento foi incentivada. O ex-presidente Lula, por exemplo, se gabava de ser um semianalfabeto. Ele dizia que não gostava de ler. Hoje temos no poder o senhor Jair Bolsonaro, que apesar de ter um curso superior, nada entende de Educação e de Cultura.
Na primeira crise do atual governo, foi praticamente só a Educação que sofreu cortes, chamados marotamente de “contingenciamentos”. Por isso, alunos e professores saíram às ruas para protestar. As escolhas do “Mito” para gerenciar o Ministério da Educação não podiam ter sido piores. Primeiro foi um colombiano que nada entendia da pasta e sequer falava fluentemente a língua portuguesa. Agora é um sujeito enfezado, de nome alemão, que se diz seguidor do guru Olavo de Carvalho. E a tragédia na Educação piora a cada dia quando o governo coloca a ideologia como a inimiga do sistema educacional brasileiro. Impossível crer nesta bobagem: como alunos que não sabem ler nem escrever vão saber o que é ideologia? O professor agora virou o inimigo público número um dos lunáticos que estãogovernando o Brasil. O mantra: fora, professores!
E o povão deve adorar essa inusitada “perseguição” aos mestres. Não terão que estudar nem ir à escola para enfadonhas e estressantes reuniões de país. De agora em diante, os eleitores dessa gente se contentarão com futebol, festas juninas, Carnaval e outras atividades “pouco” culturais. Para o atual governo e para muitos eleitores do “Mito”, investir em Educação é um desperdício de tempo e dinheiro. Veja-se, por exemplo, a atual situação dos alunos da zona rural e da área ribeirinha de Porto Velho. As autoridades locais não estão “nem aí” para o caos instalado. Em vez de livros e títulos, distribuem-se armas. Em vez de leitura de mundo e de conhecimentos, ensinam-se a submissão e a ignorância. Consequência: a violência, a desigualdade e o caos social só aumentarão. Por isso, nosso país patina na economia mundial e dessa formaserá superado por nações emergentes bem mais pobres que nós como o Chile e a Argentina.
*É Professor em Porto Velho.