Uma consultoria do BNDES está por iniciar os estudos do modelo de privatização da CAERD para viabilizar as obras de infraestrutura necessárias ao abastecimento de água e ao tratamento de esgoto que a empresa não tem como realizar.
Após 47 anos de atuação da CAERD em Rondônia, apenas 42,6% da população dispõe de água potável e nenhum litro de esgoto é tratado pela empresa. Uma análise do período de 10 anos da CAERD (entre 2001 a 2010), com dados fornecidos pela própria empresa ao SNIS, indica o motivo desse atraso: com 200 mil ligações de água para atender 600 mil rondonienses, a CAERD arrecadou cerca de R$ 600 milhões em 10 anos graças à segunda tarifa residencial mais cara do país. Porém, no mesmo período, a empresa conseguiu ter um prejuízo de quase R$ 400 milhões.
Mais da metade do valor arrecadado, cerca de R$ 317 milhões (53%), foram gastos com os salários de 560 funcionários e apenas R$ 35 milhões (6%) foram investidos para atender a população. Em 10 anos, a CAERD investiu somente R$ 57,00 reais por cliente e gastou, em média, mais de R$ 56.000,00 reais com cada funcionário.
De acordo com a presidente da Caerd, Iacira de Azamor, hoje a companhia não tem como investir em saneamento, pois mais de 80% da receita são gastos com o pagamento dos funcionários e as dívidas já ultrapassam 1 bilhão de reais. Somente o impacto de uma gestão privada pode mudar essa realidade.
“Foi por isso que o governador Confúcio Moura pediu expressamente a inclusão da Caerd no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Governo Federal”, declarou Iacira em entrevista à imprensa.
O modelo de privatização da CAERD, em estudo, vai definir também a situação dos funcionários da empresa e como o processo de transição será realizado.
Em casos similares, a indicação dos consultores recomenda o remanejamento dos funcionários para outros setores do governo e o aproveitamento dos profissionais pela empresa privada que assumir a gestão.
Definida a modelagem, de comum acordo com o Estado, o BNDES continuará apoiando o processo, desde a prospecção de investidores até a realização do leilão de concessão ou outra forma de parceria com a iniciativa privada.
A ampliação da presença da iniciativa privada no setor, visando à universalização do abastecimento de água e esgoto, possibilitará mudança real na prestação dos serviços no Estado e a melhoria expressiva na qualidade de vida da população. A defasagem de atendimento no setor de saneamento básico em Rondônia exige investimentos vultosos para que as metas sejam alcançadas.
R. Albuquerque
Jornalista – Porto Velho