Amazônia em colapso! De seca extrema a inundações devastadoras em apenas 6 meses
População ribeirinha enfrenta "gangorra climática" enquanto especialistas alertam para aceleração sem precedentes do ciclo hidrológico na região Norte
População ribeirinha enfrenta “gangorra climática” enquanto especialistas alertam para aceleração sem precedentes do ciclo hidrológico na região Norte
A Amazônia brasileira está enfrentando uma situação alarmante que evidencia os impactos dramáticos das mudanças climáticas na região. Em uma reviravolta impressionante, a região Norte saiu de uma seca histórica para enfrentar enchentes severas em menos de seis meses, deixando milhares de famílias em situação de vulnerabilidade e causando graves transtornos sociais e econômicos.
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O fenômeno, conhecido como “Inverno Amazônico”, que tradicionalmente ocorre entre o final do ano e maio, está apresentando características cada vez mais extremas. O engenheiro hidrólogo Marcos Suassuna, do Serviço Geológico do Brasil, alerta que essas variações extremas sugerem uma preocupante aceleração do ciclo hidrológico na região.
Impactos devastadores nas comunidades
Os efeitos dessa instabilidade climática são sentidos de forma mais intensa pelas comunidades ribeirinhas. Em Santa Luzia D’Oeste (RO), as aulas foram suspensas por tempo indeterminado devido à impossibilidade de acesso dos alunos da zona rural às escolas. O rio Machado, que havia registrado seu menor nível histórico de 6,04 metros, saltou para 11,34 metros entre o final de 2024 e início de 2025.
Em São Félix do Xingu, no Pará, moradores como Emanuele Rodrigues relatam que famílias inteiras estão isoladas, dependendo de embarcações improvisadas para obter suprimentos básicos. “Algumas pessoas estão mais isoladas, sem conseguir sair da comunidade. Mas com ajuda de canoas, jangadas improvisadas, as pessoas saem para ir atrás de mantimentos”, relata.
O papel da ação humana
A etnoclimatologista Alba Rodrigues destaca um fator alarmante: a Amazônia está emitindo mais gases de efeito estufa do que pode absorver. “A ação humana no ambiente natural gera impactos ambientais, alguns irreversíveis. As queimadas na Amazônia, em 2024, nos alerta para uma questão muito séria, que é a alteração na capacidade da floresta em pé de captar emissões de carbono”, explica.
Fenômenos naturais e interferência humana
O meteorologista José Abreu Sousa, do Inmet, explica que os níveis dos rios amazônicos são diretamente influenciados pelas chuvas na bacia. A transição do El Niño para La Niña entre 2024 e 2025 contribuiu para a rápida elevação dos níveis dos rios. No entanto, o desmatamento continua sendo um fator crucial que afeta o regime de chuvas, desregulando todo o sistema hídrico da região.

Perspectivas preocupantes
Os especialistas alertam que, sem medidas efetivas de proteção ambiental e controle do desmatamento, esses eventos extremos tendem a se tornar ainda mais frequentes e intensos, ameaçando não apenas as comunidades locais, mas todo o equilíbrio ecológico da região amazônica.
Números alarmantes e recordes históricos
Os dados são impressionantes:
- Rio Machado: saltou de 6,04 metros (menor nível histórico) para 11,34 metros em questão de meses
- Rio Madeira: apresentou variações extremas que afetaram quase 9 mil pessoas em Rondônia
- Em 2019, o rio Machado atingiu sua maior marca histórica: 18,85 metros
- Diversas comunidades ribeirinhas estão completamente isoladas
Impacto social e econômico
A oscilação extrema dos níveis dos rios está causando uma série de problemas:
- Educação:
Suspensão indefinida das aulas em Santa Luzia D’Oeste (RO)
Crianças da zona rural impossibilitadas de acessar escolas
Alto índice de faltas devido às condições climáticas
- Subsistência:
Pescadores enfrentam dificuldades pela alteração nos ciclos dos peixes
Agricultura ribeirinha severamente prejudicada
Famílias forçadas a abandonar suas casas
- Infraestrutura:
Problemas de navegação
Aumento de “terras caídas”
Deterioração das condições de saneamento básico
A complexa teia de causas
O meteorologista José Abreu Sousa, do Inmet, explica que múltiplos fatores contribuem para esta situação:
- Fenômenos Oceânicos:
Transição do El Niño (águas mais quentes) para La Niña (águas mais frias)
Alteração nos padrões de formação de nuvens
Mudanças nos ciclos de precipitação
- Impacto Humano:
Desmatamento crescente alterando o regime de chuvas
Queimadas comprometendo a capacidade de absorção de carbono
Emissão descontrolada de gases de efeito estufa
Depoimentos dramáticos
As histórias dos moradores revelam a dimensão humana da tragédia:
“Nós passamos por uma situação difícil, principalmente por questões da falta de peixes para quem vive do extrativismo da pesca, nossa produção não se desenvolveu. Agora, muitos ribeirinhos estão passando dificuldades porque estão vendo sua produção se perdendo nas águas do rio” – Maria de Fátima, moradora da comunidade Terra Firme, Porto Velho.
“Se a água não baixar, nós vamos continuar na casa dos outros. O risco é perder tudo” – Raimundo Freitas do Nascimento, carpinteiro.
Alerta dos especialistas
A etnoclimatologista Alba Rodrigues faz um alerta contundente: “A floresta está emitindo mais gases de efeito estufa do que pode absorver. É uma situação alarmante que indica uma mudança fundamental no papel da Amazônia como reguladora do clima.”
O engenheiro hidrólogo Marcos Suassuna complementa: “Essas variações extremas, embora já tenham ocorrido no passado, sugerem uma aceleração do ciclo hidrológico na região, com consequências potencialmente catastróficas.”
Perspectivas e desafios
A situação atual apresenta desafios significativos:
- Necessidade urgente de políticas de preservação ambiental
- Implementação de sistemas de prevenção e alerta
- Desenvolvimento de estratégias de adaptação para comunidades ribeirinhas
- Combate efetivo ao desmatamento e às queimadas
- Monitoramento constante das condições climáticas
Via Alan Alex / PainelPolítico