Professor Nazareno, o colunista mais polêmico da Região Norte, escreve: A bizarra briga dos “Marcos”
A íntegra da coluna redigida por Professor Nazareno
A íntegra da coluna redigida por Professor Nazareno
Em Roubônia, a surreal e obsoleta província e também a bisonha terra dos líderes Lebrão e Lebrinha, existe uma estranha briga política envolvendo dois Marcos. Um é o Marcos Ro… E ou outro também é Marcos Ro… E ambos são aduladores de primeira hora de Jair Bolsonaro, o encrenqueiro, tosco e patético político da extrema-direita que tenta a reeleição para presidente da República nestas eleições de 2022. Apesar desses Marcos serem bolsonaristas, a atual briga eleitoral deles dá a impressão que os mesmos defendem ideologias e partidos políticos totalmente diferentes. Ledo engano, pois ambos defendem apenas o Bolsonaro e só. Um, se diz amigo íntimo do presidente e jura que serviram juntos às Forças Armadas. O outro, que o acusam de já ter sido militante das esquerdas no passado, foi o “Pit Bull” do governo federal durante a última CPI da Covid lá no Senado.
O número de um é 22. O do outro é o dobro: 44. A briga entre eles parece ser para saber quem mais puxa o saco do capitão-presidente e não para defender Roubônia, a atrasada e subdesenvolvida província do Norte, que não tem sequer 0,8 por cento do total de eleitores do país. A capital provincial, Porto Velho, é uma seboseira só. Merda, esgotos a céu aberto e igarapés imundos cortam a insalubre “metrópole rondoniana”, que é a pior dentre as capitais do Brasil em qualidade de vida. Não tem rodoviária decente, não tem hospital de pronto-socorro, não tem saneamento básico, água tratada, nem mobilidade urbana. Universidade estadual nem pensar e a única universidade pública do lugar sequer tem um hospital universitário. Mas nenhum dos dois Marcos dá um só pio sobre isso. Satisfeitos, os simplórios e tolos eleitores também se fazem de cego e aplaudem os dois.
A ambição para governar o selvagem e distante grotão faz com que cada um deles veja muitos defeitos no outro bolsonarista. Coisa rara neste país ainda inebriado pela onda fascista que há mais de quatro anos continua a contaminar muita gente desinformada. Só falta a cada um desses Marcos culpar antecipadamente o outro pela possível derrota do candidato de extrema-direita no próximo dia 30. E nada é impossível num cenário onde segundo as desacreditadas pesquisas eleitorais, Lula ultrapassa o direitista enquanto os dois Marcos, para variar, estão empatados. A decisão mesmo só após as eleições. Roubônia está situada no “arco do fogo” e todo ano durante o verão, a fumaça das queimadas na floresta amazônica mostra ao mundo a devastação que o atrasado rincão padece sem que nenhuma das muitas instituições locais de controle ambiental faça algo.
Como se vê, os dois Marcos são dois políticos totalmente dispensáveis tendo em vista que os problemas mais sérios da província nunca foram resolvidos. O “açougue” João Paulo Segundo de Porto Velho, por exemplo, tem quase quarenta anos e nunca saiu do papel. E apesar dos quatro anos de um desses Marcos à frente do governo, o velho hospital está ali como um campo de concentração que só mata os pobres principalmente. Já a BR-364, uma espécie de corredor da morte, jamais foi duplicada, ainda que o outro Marcos seja morador de Ji-Paraná nessa mesma BR. Porém para a nossa suprema infelicidade, um deles vai nos governar pelos próximos quatro anos. Difícil mesmo é votar no menos ruim já que os dois empatam em incompetência. O bom é que se Lula ganhar, eles não atacaram o petista. Só eles mesmos. E para quem não gosta de confusão, já está decidido: terá que votar em Marcos para governar estes confins. É que não há outro jeito!
*Foi Professor em Porto Velho.