Sociopata que matou ex no ato sexual é ouvida pela Justiça na terça, 12
Jovem de 19 anos confessou crime, em 2015: ‘queria matar alguém’.
A audiência de instrução de Vania Basílio Rocha, acusada de matar a facadas o ex-namorado durante o ato sexual, está marcada para acontecer nesta terça-feira (12) no Fórum de Justiça de Vilhena (RO), região do Cone Sul. Segundo a juíza de Direito, Liliane Pegoraro Bilharva, os elementos colhidos nos autos até o momento não se verifica a arguição de preliminares ou apresentação de documentos para a análise. A audiência da jovem de 19 anos inicia às 10h40.
“Logo, para melhor exame do fato, se faz necessário a inquirição de testemunhas e o interrogatório, onde então será evidenciada a real conduta da acusada”, disse.
De acordo com o defensor público da réu, George Barreto Filho, a audiência marcada para esta terça é o momento processual em que parte, vitima e testemunhas são ouvidas para declarar o que sabem sobre os fatos que estão sendo apurados.
Caso haja prova para produzir, acontecerá uma segunda audiência de instrução. Se não, o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) e a Defensoria Pública do Estado (DPE-RO) irão elaborar memoriais finais. Esses documentos, segundo Barreto, são a última manifestação antes da sentença. “Depois deles é decidido se Vania vai ou não para o júri-popular”, explica.
Vania foi considerada sociopata, após passar por avaliações psiquiátricas no mês de abril. Conforme o TJ-RO, embora o laudo aponte o transtorno, a suspeita apresenta capacidade de entender o caráter criminoso do ato que cometeu, por isso, foi determinado a semi-imputabilidade da réu. Caso ela venha a ser condenada, a pena poderá ser reduzida.
Crime e confissão
No dia 30 de dezembro de 2015, então com 18 anos, a vendedora Vania Basílio Rocha, foi presa em flagrante após matar a facadas o ex-namorado Marcos Catanio Porto, de 26.
Segundo a Polícia Civil, o crime aconteceu na casa da vítima, no momento em que os dois iriam iniciar uma relação sexual. Enquanto estavam deitados na cama, a jovem pegou a faca, que estava escondida dentro da bolsa, e golpeou Marcos em várias partes do corpo. Ele não resistiu aos aos ferimentos e morreu.
Depois de ser presa, ainda na delegacia, Vania relatou ao G1 que planejou o crime. Segundo ela, três nomes de possíveis vítimas foram colocados em uma lista: um amigo, um “ficante” e o ex-namorado. Na noite de terça-feira (29), ela ligou para os dois primeiros, que não puderam vê-la, pois estavam com a família.
Na manhã do dia 30, Vania ligou para Marcos alegando que queria se despedir, pois iria embora para outro estado. Ela então colocou uma faca de cozinha dentro da bolsa e foi para a casa da vítima, que havia aceitado receber a visita. O casal foi para o quarto e, durante as preliminares sexuais, ela esfaqueou o ex-namorado.
“Eu queria matar uma pessoa só, dos três. Eu tapei o olho dele. Aí peguei a faca e meti nele. Ele reagiu e veio para cima de mim e eu fui para cima dele também. Eu enforquei ele e aí comecei a meter [facadas] em outras partes do corpo dele. Daí, ele gritou socorro e a porta estava trancada. O irmão dele quebrou a janela.
Quando o irmão dele entrou, ele já estava quase morrendo. Fiquei olhando olho no olho até ele morrer”, narrou Vania.
Últimas palavras
No velório de Marcos, em 31 de dezembro de 2015, Mauricio Jacob, amigo de Marcos, contou que estava na casa onde ocorreu o crime. “Ele morreu nos meus braços. ‘Ela é louca’ foram as últimas palavras dele. Perdi um irmão”, lamentou.
Mauricio lembrou que após chegar na residência, Vania foi para o quarto com Marcos. Depois de algum tempo, Mauricio e o irmão da vítima, Alberto, ouviram gritos de socorro. “Arrombamos a janela, pois a porta estava fechada. Quando entramos, ele segurava o braço dela com a faca. Arranquei a faca da mão dela e joguei longe. Ela sumiu e o Tim foi caindo para trás, falando que ela era louca”, contou Mauricio.
Vania se escondeu no banheiro, onde permaneceu até a chegada da Polícia Militar. Ela foi presa em flagrante por homicídio qualificado, pois, segundo a Polícia Civil, usou de meios que dificultaram a defesa da vítima.
Laudo da vítima
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Marcos levou 11 facadas, sendo no pescoço, abdômen, braços, mão e pernas. Segundo um croqui divulgado pela Polícia Civil, a perfuração de faca no pescoço foi o que motivou a morte do rapaz.
Conforme a análise do médico legista, a facada no pescoço atingiu a veia jugular interna da vítima e provocou um choque hipovolêmico – perda de grande quantidade de sangue. “A Vania disse que a primeira facada foi no pescoço, e foi essa que o matou. As outras aconteceram enquanto ele se defendia, mas já estava perdendo sangue”, explicou no fim do mês de janeiro, o delegado regional, Fabio Campos.
Comportamento estranho
Desde o dia da prisão, a suspeita estava isolada das outras presas, em um processo chamado de triagem, que de acordo com a direção do presídio, é um procedimento comum à todas as presas que dão entrada na unidade. “Ela chega, fica dez dias sob observação para verificar o comportamento e a conduta com os agentes e depois disso vai para a carceragem com as outras presas”, explicou, o diretor Flavio Miranda.
Segundo a direção, Vania estava sozinha na cela pelo fato de outras mulheres não terem sido presas depois dela. No entanto, após apresentar comportamento estranho, relatado por agentes plantonistas, Vania foi colocada em uma cela mais próxima da carceragem, onde continuou sozinha.
No dia 11 de janeiro, a mulher foi transferida para uma cela comum, com mais quatro detentas, e não tem apresentado problemas. A direção da unidade confirmou que a Vania passou por avaliação psiquiátrica, mas o teor da consulta não foi divulgado.
Polêmica no Facebook
Uma das publicações de Vania mais comentadas no Facebook é o texto de um blog que tinha como título: “eu não fui uma má namorada, você que me tornou”. Após ser presa e confessar que matou o ex-namorado, usuários criticaram a postagem. “Imagina se fosse boa”, escreveu um jovem. “Louca, psicopata, parece que estava possuída pelo demônio”, acrescentou outro usuário. A postagem foi feita dois dias antes do crime.