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“Brasil: outro fracasso olímpico?” Por Professor Nazareno*

“Por pouco não entramos no rol das grandes potências olímpicas atuais”

“Por pouco não entramos no rol das grandes potências olímpicas atuais”

Terminaram os jogos olímpicos de Tóquio de 2021, adiados em um ano devido à pandemia de Coronavírus que assola a Humanidade. O Brasil teve a melhor participação no torneio quebrando pelo menos dois recordes: número de pódios com 21 medalhas conquistadas e melhor colocação de todos os tempos em olimpíadas ficando no décimo segundo lugar. Isso além de manter o recorde de sete medalhas de ouro obtido no Rio de Janeiro em 2016. Levando-se em conta o pouco ou quase nenhum investimento que se faz nos esportes em nosso país, os atletas daqui foram verdadeiros heróis lá no Japão. Ficamos atrás apenas das grandes potências olímpicas. Empatamos com o Canadá em medalhas douradas e ficamos a apenas três medalhas de países como Alemanha, França, Itália e Holanda. Por pouco não entramos no rol das grandes potências olímpicas atuais.

E como pode um país como o Brasil, que nunca investiu o necessário nem na Educação de seu povo, despontar quase como uma potência olímpica? Como pode atletas que treinam surfe em tampas de isopor, skatistas que não têm nenhum patrocínio e nadadores que nadam em açudes sem nenhuma estrutura desbancar competidores dos países de ponta que ganham fortunas e têm toda a infraestrutura para competir? Os países campeões em medalhas como EUA, China, Alemanha, Austrália, Japão e Rússia, por exemplo, investem muito em seus atletas, reconhecendo seus talentos desde cedo e “adotando” esses jovens dando-lhes dinheiro, bolsas de estudo, estrutura, equipamentos e assistência. Já o governo Bolsonaro cortou praticamente todos os investimentos feitos nos esportes nos últimos anos. Mas qual foi o governo do Brasil que investiu nesta área?

Em nosso país, a família do Arthur Zanetti vendia bolo na frente do estádio para custear as viagens dele nas competições. Nos anos 2000, uma equipe inteira de ginástica do Flamengo sofreu um sério acidente automobilístico na estrada. Viajavam do Rio a Curitiba de ônibus, pois não tinham dinheiro para ir de avião. “Muitas famílias brasileiras vendem tudo o que têm para sustentar o sonho dos filhos que não conseguem patrocínios ou que perdem o apoio financeiro de empresas, que optam por colocar seu dinheiro e apoio em outros segmentos da indústria cultural ou simplesmente preferem pagar fortunas para que as celebridades promovam seus produtos”. Nossas escolas, principalmente as públicas, não formam nenhum atleta para competir sequer a nível local. Aqui, o poder público estimula só o fracasso e a derrota.

Um país de amadores não pode querer ganhar medalhas de atletas profissionais. Por isso, as 21 medalhas conquistadas com muito suor, esforço e sacrifício pelos nossos atletas nas Olimpíadas do Japão, e também em muitos outros jogos internacionais, não deviam ter nem a bandeira do Brasil nem o Hino Nacional. Uma nação cujos habitantes praticamente só pensam no futebol só devia competir nesta modalidade. Deve ser por isso que se gastam horas a fio discutindo se foi gol, falta ou pênalti em vez de se apoiar também as outras modalidades esportivas e buscar sempre todas as medalhas possíveis. Investindo no esporte, tiram-se as nossas crianças das ruas, das drogas, da fome, da miséria, do tráfico, da milícia e da violência. Toda a sociedade ganha com a vitória dos seus atletas. A mídia devia apoiar dando chance a todos em comerciais. O Governo, o comércio, a indústria, todos deviam ajudar. Aplaudir só depois da vitória é muito fácil.

*Foi Professor em Porto Velho.

 

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