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Lava-Jato: PF liga doleiro aos Cinta Larga na extração de diamantes em terras indígenas

 

CLEIDE CARVALHO /O Globo

SÃO PAULO – O doleiro Carlos Habib Chater é suspeito de participar da extração ilegal de diamantes nas terras dos índios cinta-larga, entre Mato Grosso e Rondônia, e de movimentar recursos da venda ilegal de gemas no exterior. A Polícia Federal apreendeu na agenda de Chater uma anotação com o nome de Raimundo Cinta Larga e o número de uma conta corrente em Cacoal (RO), onde o indígena mora.

Raimundo é filho do cacique João Bravo Cinta Larga, visto como empreendedor por ter feito uma hidrelétrica de pequeno porte no Rio Roosevelt, por criar gado e peixes para vender. Nos dados extraídos do programa Money, que serve para gerenciar finanças pessoais mas, segundo a PF, também é usado para controle paralelo de contabilidade de empresas, o nome “Raimundinho” aparece como destinatário de oito remessas de dinheiro em 2013, num total de R$ 21.450,00.

No início da Operação Lava-Jato, a PF colheu indícios de que Chater teria se unido a Francisco Angelo da Silva e Júlio Luís Urnau para atuar na extração ilegal de diamantes, por meio da Cooperativa Extrativista Cinta Larga de Rondônia (Coopecilar). Raimundo Cinta Larga é presidente da Coopecilar. Nas movimentações financeiras de Chater, constam despesas de viagem a Cacoal de uma pessoa identificada como “Júlio”. Em março, Urnau foi levado coercitivamente a depor na PF.

DOLEIRO E SÓCIO TINHAM CASA DE CÂMBIO

Júlio Urnal é ex-secretário adjunto dos Transportes do Distrito Federal, ligado ao grupo de José Roberto Arruda, ex-governador do DF condenado por improbidade administrativa por participar do esquema de corrupção conhecido como mensalão do DEM.

O advogado Raul Canal afirmou que a Coopecilar nunca retirou um diamante da terra indígena e que foi criada para lutar pela regularização da extração pelos próprios índios. Segundo ele, há duas ações em curso que pedem que o garimpo feito pelos cinta-larga seja autorizado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

Ele afirmou que Urnau e Chater eram sócios numa casa de câmbio chamada Valortur e que financiaram a cooperativa dos cinta-larga durante alguns meses porque pretendiam, depois que a extração fosse legalizada, atuar na venda de diamantes. Segundo ele, Chater não cumpriu o trato e parou de financiar.

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