Guedes diz que usar precatório no Renda Cidadã é financiar com “puxadinho”
Ministro da Economia afirmou que um programa com despesas permanentes deve ter fontes de receita igualmente regulares
Ministro da Economia afirmou que um programa com despesas permanentes deve ter fontes de receita igualmente regulares
Em aparição surpresa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, nesta quarta-feira (30/9), que será revisto o uso de precatórios e de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) como receitas do programa social Renda Cidadã – substituto do Bolsa Família.
Durante coletiva de imprensa de apresentação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Guedes defendeu que o programa social adote uma fonte de receita permanente.
“Não pode ser financiado por um ‘puxadinho’, um ajuste. Não é assim que se financia o Renda Brasil [Renda Cidadã]”, reforçou, citando erroneamente o nome do programa.
O uso de precatório como fonte de receita do Renda Cidadã também foi criticado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em nota, a Comissão Especial de Precatórios da OAB Nacional afirma que tal possibilidade é “inconstitucional, traz insegurança jurídica e é injusta socialmente”.
O uso dos recursos federais para pagamento de dívidas judiciais da União no programa foi anunciado pelo senador Márcio Bittar (MDB-AC).
Bittar salientou que na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para a criação do Renda Cidadã uma das fontes de renda sugeridas serão as verbas reservadas no Orçamento para o pagamentos de precatórios. O restante dos recursos sairia de uma parcela de 5% do novo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Sobre os precatórios, ele falou: “O Brasil tem no Orçamento R$ 55 bilhões para pagar de precatório e nós vamos utilizar. Vai estar na relatoria que eu apresento nesta semana, o limite de 2% das receitas correntes líquidas, que é mais ou menos o que já fazem estados e municípios”.
A nota da OAB, assinada pelo presidente Felipe Santa Cruz e pelo presidente da Comissão Especial de Precatórios, Eduardo de Souza Gouveia, destaca que o que se propõe é um calote da dívida pública judicial.
“Mas a dívida será empurrada para os futuros gestores públicos, criando uma bomba armada para explodir no futuro. A sinalização para investidores, essenciais neste momento em que se busca a recuperação econômica do país, não poderia ser pior”, ressalta o documento.
Metrópoles