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Testes de Coronavírus adquiridos por Rondônia no valor de R$ 10,5 milhões são fruto de negócio nebuloso e sem regulação

Os kits elaborados pela empresa Hangzhou Realy Tech Co., Ltd. estão empacados na alfândega do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo

Os kits elaborados pela empresa Hangzhou Realy Tech Co., Ltd. estão empacados na alfândega do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo

Porto Velho, RO — No Brasil pandêmico de hoje com a deflagração do Coronavírus a carta-branca para qualquer tipo de negócio do Oiapoque ao Chuí é um regozijo administrativo, uma ode à incompetência, um hino ao amadorismo, um véu lançado à malversação dos recursos públicos.

Em Rondônia não seria diferente.

Cem mil kits de testes rápido para detecção de Coronavírus estão empacados na alfândega do aeroporto de Guarulhos até agora: pode não ser o motivo da contenção, mas os produtos dentro da carga não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conforme apurou o Rondônia Dinâmica.

Mas é só aqui? Não. Nem aqui nem na China, literalmente!

Os mesmos testes produzidos pela Hangzhou Realy Tech Co., Ltd., foram devolvidos pela Índia por falta de confiabilidade; aliás, frise-se, a despeito de os kits serem chineses, nem a National Medical Products Administration (NMPA), órgão semelhante à Anvisa brasileira, autorizou a utilização regulamentada dos testes confecionados pelo laboratório no país oriental.

A informação foi checada pelo Firstpost, um dos jornais mais importantes da Índia.

Agora, sobre eventual regulamentação nos Estados Unidos da América (EUA), o próprio Rondônia Dinâmica entrou em contato com a agência federal Food and Drug Administration (FDA) e obteve resposta imediata: a empresa Hangzhou Realy entrou com pedido de regulamentação, mas não está autorizada, ainda.

O dado foi indicado por Jim McKinney, assessor de imprensa da FDA, que, além das informações, indicou link para averiguação.

Na busca, constata-se, de fato, que o teste não tem autorização.

A reportagem também tentou contato com a empresa alemã DAkkS, que confere certificados de calibração aos testes, emprestando maior confiabilidade, teoricamente, à medição. Até o fechamento do editorial, não houve retorno. O questionamento foi apresentado porque há certificado apresentado pela empresa BuyerBR ao Estado de Rondônia em nome da Hangzhou Realy Tech Co., Ltd.m onde há o selo do empreendimento. A intenção da reportagem é conferir a veracidade da confecção do laudo.


Certificado apresentado pela BuyerBR para respaldar o laboratório Chinês / Divulgação

Conforme destacou o site Na Hora Online, que apresentou a informação sobre os testes em primeira-mão, ” Em meio à confusão causada pela pandemia do Coronavírus, o governo de Rondônia resolveu que, na pressa é melhor pagar primeiro para ver depois”. Convenhamos, pagar antes para ver depois quando o que está em jogo são as vidas dos outros, até porque político com cargo não depende de administração pública, é óbvio,  é coisa de quem lava as mãos em bacia de sangue, como disse Lima Duarte.

Reforçando ainda mais as dúvidas, há reportagem da Vox, site de notícias e opiniões norte-americano de propriedade liberal da Vox Media, esta assinada pela jornalista Rebecca Heilweil falando sobre eventual venda desses testes no mercado informal e de maneira avulsa, como no EBay, por exemplo. A veiculação americana reitera a falta de licença para a Hangzhou Realy Tech no país.

É a realidade. Sem certificado no Brasil, na China nem nos EUA, além de terem sido rejeitados pelo governo da Índia, os testes chineses adquiridos por Rondônia no valor milionário, embora bloqueado por ora, poderiam colocar em risco a saúde das pessoas.

E por quê? Porque um  falso negativo, por exemplo, poderia trazer ao usuário uma sensação igualmente irreal de segurança, fazendo com que o testado saísse às ruas e rompesse o resguardo conforme as deliberações emplacadas pelo Organização Mundial de Saúde (OMS) desde o começo da pandemia de Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2).

A conclusão pode ser checada por qualquer autoridade sanitária do País. E o governador Coronel Marcos Rocha e o secretário-chefe da Casa Civil Júnior Gonçalves voltaram suas baterias contra a imprensa, mais uma vez. Até porque é mais fácil atacar o mensageiro do que refutar a mensagem, afastando, consequentemente, os ares nebulosos que adornam esse negócio que parecia ser da China, porém tornou-se pesadelo represado. Represado no aeroporto de Guarulhos.

Rondoniadinâmica

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