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É #FAKE que novo coronavírus não resiste ao calor — Foto: G1

É #FAKE que novo coronavírus não resiste ao calor e à temperatura de 26ºC ou 27ºC

Mensagem que circula em redes sociais faz afirmação falsa. Há outras informações inverídicas no texto, que circula com algumas variações.

Mensagem que circula em redes sociais faz afirmação falsa. Há outras informações inverídicas no texto, que circula com algumas variações.

A diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT-USP) Ester Sabino, uma das responsáveis pelo sequenciamento do genoma do novo coronavírus, afirma: “A temperatura do corpo humano é 36ºC. Portanto, esta afirmativa é falsa”.

O Ministério da Saúde também classifica a mensagem como “falsa” e reitera que não é possível afirmar que o vírus morre a uma temperatura de 26ºC ou 27ºC “uma vez que no corpo humano o vírus tolera uma temperatura de pelo menos 36ºC”. O órgão pede que ela não seja compartilhada.

A virologista Camila Malta Romano, também do IMT-USP, explica por que a afirmação não se sustenta. “O vírus (assim como outros vírus envelopados) sofre com temperaturas mais quentes, mas temperaturas acima de 45ºC. E isso depende do tempo em que é exposto também. Uma temperatura de 27ºC não faz menor diferença pra ele.”

A médica Tânia Vergara, presidente da Sociedade de Infectologia do Rio de Janeiro e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, também diz que essa afirmação sobre a temperatura não é verdadeira. O médico Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, concorda e diz que a temperatura ambiente não tem nenhuma relação com o vírus.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informa que a mensagem é completamente falsa. A entidade reforça a importância de compartilhar informações de fontes confiáveis e seguras.

Uma revisão de 22 estudos sobre vários tipos de coronavírus publicada no Journal of Hospital Infection indica que, quanto maior a temperatura, menor o tempo de permanência do vírus em algumas superfícies. Ainda assim, os dados mostram que mesmo em temperaturas elevadas como 30ºC ou 40ºC os vírus resistem, às vezes por dias.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), faz o alerta de que o vírus pode, sim, ser transmitido em áreas mais quentes. “Segundo as evidências obtidas até agora, o vírus responsável pela Covid-19 pode ser transmitido em todas as áreas, incluindo áreas com clima quente e úmido”, diz a entidade.

“Vírus não respeita temperatura. O H1N1 atingiu os Estados Unidos em pleno verão. A Influenza é um vírus de inverno e tem todo ano no Caribe [região tropical]. No ano passado, teve surto de H1N1 no Amazonas”, diz a infectologista Nancy Bellei, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

A mensagem circula com algumas variações no texto. Numa delas, há a informação de que, após ficar 3 ou 4 dias restrito à garganta e mais 5 ou 6 dias nos pulmões, o vírus se torna letal. Weissmann diz que o coronavírus pode, de fato, causar tosse seca, coriza e pneumonia, mas que está mais que comprovado que essa letalidade alardeada não se sustenta.

O Ministério da Saúde reforça que isso não faz qualquer sentido. “O período médio de incubação da infecção por coronavírus é de 5 dias, com intervalo que pode chegar até 14 dias. O espectro clínico da infecção por coronavírus é muito amplo, podendo variar de um simples resfriado até uma pneumonia severa. A maioria dos casos apresenta tosse seca e febre. No entanto, uma pequena porcentagem também tem sintomas como coriza e dor de garganta. Do ponto de vista dos sintomas não é possível diferenciar o coronavírus de outros vírus respiratórios. O diagnóstico depende da investigação clínico-epidemiológica e do exame físico”, afirma o órgão.

A mensagem tem outra informação sobre a permanência do vírus em determinadas superfícies. A Fiocruz é categórica: essa informação que estipula um número de horas tanto em superfícies metálicas como em tecidos é falsa.

Um estudo recém-publicado por pesquisadores norte-americanos, aliás, mostra que o tempo de resistência do vírus nas superfícies é diferente do exposto na mensagem falsa.

A mensagem também aconselha o leitor a beber água e chá quentes para matar o vírus. Weissmann diz que é importantíssimo manter uma ingestão adequada de líquidos, mas alerta que não existe qualquer evidência de que líquidos quentes matem o vírus. Além disso, não há qualquer medicamento hoje capaz de eliminá-lo.

Essa informação já foi desmentida anteriormente pela intectologista Nancy Bellei. “Beber água é bom, a pessoa se hidrata, mas gargarejar água quente não impede que a pessoa pegue o vírus.”

A equipe do Fato ou Fake também desmentiu um boato que diz que fazer gargarejos com água morna, sal e vinagre é eficaz.

Via G1

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