Corrupção em Cacoal chegou a render, de uma só vez, R$ 4, 5 milhões em propina à organização criminosa instalada na Prefeitura, revela empresário
Cacoal, Rondônia – A justiça considera forte o depoimento e as provas apresentadas pelo empresário do setor imobiliário Marcos Henrique Stecca, que detalhou como funcionava a organização criminosa desbaratada no município de Cacoal pelo Ministério Público de Rondônia e a Polícia Civil durante a Operação Detalhe, realizada na manhã do dia 8 deste mês.
Na ocasião, foram presos temporariamente a secretária chefe de gabinete do prefeito petista Padre Franco Vialetto, Maria Ivani de Araújo; Silvino Gomes da Silva Neto, Gilberto Muniz Pereira, Emílio Junior Mancuso de Almeida, o Paty Paulista, vereador-presidente da Câmara de Cacoal; João dos Reis Bonilha , o policial Riochardson Palácio e o vereador Valdomiro Corá, o Corazinho.
Todos, segundo a polícia e o Ministério Público, são integrantes de uma organização criminosa instalada na Prefeitura e na Câmara para desviar recursos públicos (especialmente da área de saúde) e fazer transações ilegais com terrenos no município.
DEPOIMENTO DE STECCA
No dia 11 deste mês, em depoimento espontâneo prestado aos policiais e promotores do caso, o empresário Marcos Stecca contou tudo o que sabia sobre o esquema envolvendo empresários, servidores públicos e vereadores.
Ele confirmou parte do que a Polícia Civil e o Ministério Público já sabiam sobre a corrupção em Cacoal e acrescentou detalhes que dão novos rumos às investigações, pois revelou nomes de pessoas que não estavam relacionadas nas investigações iniciais.
Filho do ex-deputado estadual e ex-secretário estadual de Agricultura de Rondônia, Wilson Stecca, Marquinhos, como o empresário do ramo imobiliário é mais conhecido na cidade e região, detalhou o pagamento de propina à chefe de gabinete do prefeito Padre Franco, ao então procurador geral do município, José Carlos Rodrigues dos Reis, e ao lobista Gilberto Muniz Pereira, o Gigi.
PROPINA , LOTEAMENTO SUPERVALORIZADO E HOSPITAL
Segundo o depoimento do empresário, tais vantagens indevidas eram pagas a estas pessoas para que uma área pertencente empresário e professor Adriano Tumeleiro, do curso de Administração da Universidade Federal de Rondônia (Unir), fosse valorizada artificialmente para que o lucro com a venda do terreno à Prefeitura fosse maior.
Na área de Adriano Tumeleiro seria construído o Hospital Municipal de Cacoal, obra prometida pelo prefeito Padre Franco (PT) durante sua campanha à reeleição.
Só esta transação, de acordo com Stecca, rendeu à organização criminosa instalada na Prefeitura de Cacoal a quantia de quatro milhões e quinhentos mil em propina paga das mais variadas formas – cheques, depósitos em conta e lotes urbanos.
Stecca detalhou, com menções à datas e valores, os pagamentos feitos à Ivani, secretária-chefe de gabinete de Padre Franco; ao então procurador José Carlos e a Gilberto “Gigi”.
TERRENO EM CONDOMÍNIO DE LUXO
Ainda segundo o depoimento de Stecca, uma das formas de pagar propina ao procurador José Carlos foi assumir uma dívida deste com a compra de um terreno num condomínio de luxo.
O empresário imobiliário deixou claro que o professor universitário e empresário Adriano Tumeleiro sabia de tudo que estava sendo negociado com a organização criminosa.
Tudorondonia