Coluna Política Sem Censura-Aniversário de carências nada supérfluas!!!-David Nogueira
No último dia 11 de março, fez aniversário de quatro anos da morte de duas pessoas importantes para muitos velhos e novos rondonianos, vindos de longe em busca de espaço, oportunidade e vontade em construir sonhos. Partiram de forma ridícula, estúpida e violenta. Uma chuva… pista molhada… uma curva na BR364… uma aquaplanagem… e fim! As fragilidades e efemeridades da vida são coisas perturbadoramente assustadoras para aqueles dispostos a pensar um pouco sobre o tema. E, por uma série de motivos, vira e mexe, lembro-me com detalhes daquele fatídico dia… Esta semana, a presença daqueles momentos trouxeram à tona muitas outras coisas.
2. Eduardo Valverde e Ely Bezerra
Ely Bezerra era um militante histórico da educação. Junto com outras lideranças da década de 80, ajudou a consolidar o Sindicato da Educação de Rondônia (Sintero), cujo papel político extrapolou o setor e influenciou na organização de todo o funcionalismo público regional. Pelo peso, presença, capacidade de mobilização e articulação, a entidade teve força para influir nos rumos políticos destas paragens e fez história a ser contada. Valverde era ligado à Eletronorte. Foi presidente do Sindur, da CUT e do PT. Seu trabalho e visão ajudaram na organização dos trabalhadores do campo e da cidade em todo o Estado. Esse trabalho, naturalmente, conduziu-o à política, na qual seu nome tornou-se uma referência carregada de adjetivos.
3. Política como vocação
Valverde tornou-se um político nato naquilo que a política tem de melhor. Era irritantemente solidário na essência… honesto por princípio de formação… coletivo na ação de vida. Esse carioca/rondoniano ensinou a todos nós, não apenas com palavras fáceis e discursos empolgados, mas com gestos. Somos nitidamente convictos do óbvio: nada ensina mais do que o exemplo próprio. Ele era o exemplo. O respeito pelo seu nome vinha de todas as direções e de todas as cores partidárias. Seus dois mandatos de deputado federal por Rondônia marcaram um padrão ético de relação com entidades, prefeituras e Estado, raríssimas vezes vistos antes nestas terras.
4. Decepções para a história fofocar
Não obstante tantos suculentos e reconhecidos adjetivos, tais atributos geravam desconforto inenarrável em adversários externos pouco nobres e internos de caráter diminuto. Vergonhosamente traído por alguns a quem muito ajudou, estrategicamente isolado por outros a quem sempre estendeu a mão, Valverde, com talento nato para a política, foi um caso raro na vida pública que deixou saudade de fato… de verdade… de coração! Não tinha tempo para lamentações. Ao contrário, tinha pressa em conversar, informar, organizar os trabalhadores para os necessários e inevitáveis conflitos. Aquele 11 de março marcou nossa história de muitas maneiras… coisas que só passamos a entender mais detalhadamente tempos depois.
5. A política como caminho
A política é importante e precisa ser valorizada no melhor de sua essência. Ela é o caminho. A diferenciação entre uma sociedade avançada, progressista, humanizada e uma atrasada e ignorante é sua organização social e política ao longo de determinado tempo. Isso justifica a trágica diferença entre países pobres, miseráveis, injustos de diferentes regiões do mundo e países desenvolvidos cultural e economicamente. O exercício da política define tudo. A democracia tem todos os defeitos, mas ainda não inventaram nada melhor. Sendo assim, cabe-nos refletir sobre os processos de fiscalização e de escolha da representação política tida por nós e avançarmos sabendo dos grandes interesses em jogo. Como certeza, resta-nos observar o destino reservado aos maus políticos (e não são poucos)… com sorte, muita sorte, alguns terão a solitária estrada do ostracismo como parceira! Ao Valverde, em seu papel de político mandatário, nossa permanente saudade!