O Sujeito Terrorista na ótica da Psicanálise
O grande temor dos europeus em relação ao terrorismo é porque em outrora a ameaça era o outro, estereotipado em sua singularidade, explicitado por sua etnia, nacionalidade ou religião.
Agora, “são filhos bem nascidos” da própria nação, que pela ausência da inscrição da lei do pai, busca no discurso extremista do islã o tamponamento do pai faltante.
A cultura ocidental foi alicerçada sobre uma premissa hierárquica entre o homem e a mulher.
No plano funcional da vida ambos tinham as suas atribuições práticas e morais estabelecidas, enquanto a mãe cuidava do espaço afetivo e privado, o pai era o provedor e se encarregava de inserir o filho no espaço público.
Esse enredo era justificado pela religião, que representava essa mesma organização no seu mundo imagético ou exegético.
Com as mudanças processadas na hierarquia de gênero no ocidente, as funções paternais foram fortemente afetadas.
A mãe com a sua autonomia não é mais providas pelo pai, por sua vez também não o legitima (não empodera e qualifica mais o lugar) do pai.
Assim o homem tendo a sua função de pai suprimida, abandona o seu status de autoridade, de castrador e de uma autoridade que inscreve a lei e a ética.
Temos que pensar que a psique não é algo engessado, ela se fundamenta nas relações, quando elas mudam, precisamos repensar os nossos fundamentos…
A luta dos extremistas islâmicos contra o ocidente pode ser interpretada psicanaliticamente como a inveja dos filhos oprimidos pelo pai severo (Oriente), contra o gozo fácil do pai permissivo (Ocidente ou Europa moderna).
A crença fundamentalista cria espécie de psicose coletiva para manter a memória de um Deus vivo, mas ausente nas aflições de seus seguidores, sem poderes superiores, sem milagres e extremamente autoritário e fraco que necessita que seus seguidores sejam assassinos em seu nome por uma simples charge (chiste Freudiano).
Recomendo pela leitura do Livro Totem e Tabu e Complexo de Édipo escrito por Freud, e do livro “Nomes do Pai” de (Lacan) e saiba-se que sem senso de humor ninguém sobreviverá sendo neurótico, estaremos fadados a Psicose existencial e mundial.
Paulo Rogério Rodrigues Passos
Professor da Universidade de Goiás, Mestre em Ciência Política, Doutor em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás e Doutorando Psicanálise Clínica Institucional do Percurso da ABMP-DF.