Copom sinaliza Selic a 14,25% em março; Brasil já é segundo maior juro real do mundo
Ata divulgada nesta terça (04) indica nova alta de 1 ponto percentual na taxa básica, mas deixa política monetária em aberto a partir de maio
Ata divulgada nesta terça (04) indica nova alta de 1 ponto percentual na taxa básica, mas deixa política monetária em aberto a partir de maio
Em meio a um cenário econômico desafiador, marcado por pressões inflacionárias e instabilidades diversas, o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou nesta terça-feira (04) uma nova alta de 1 ponto percentual na taxa Selic para a próxima reunião em março, o que elevará a taxa básica dos atuais 13,25% para 14,25% ao ano – patamar que não era visto desde outubro de 2016.
Decisão recente e perspectivas
Na última reunião, o Copom já havia elevado a Selic em 1 ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano, decisão que colocou o Brasil na segunda posição no ranking mundial de juros reais. Esta foi a primeira reunião com a participação do diretor Gabriel Galípolo na nova configuração da diretoria.
Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, destaca que o comunicado manteve o tom mais duro contra a inflação: “Essa foi uma decisão amplamente aguardada e esperada, já que na reunião de dezembro eles tinham sinalizado mais dois aumentos de 1%.”
Cenário complexo
O retorno da Selic a 14,25% ocorre em um momento particularmente desafiador para a economia brasileira:
- Pressão Inflacionária: O Copom deixou em aberto as decisões de política monetária a partir de maio, indicando que ajustes dependerão da dinâmica inflacionária
- Crise Sanitária: O país enfrenta um grave surto de dengue em 2025, com nova variante do sorotipo 3
- Instabilidade Política: Discussões sobre possível processo de impeachment contra o presidente Lula e movimentações eleitorais para 2026.
Recomendações de investimentos
Especialistas indicam diferentes estratégias para o atual cenário:
Renda Fixa
- Ana Paula Carvalho, da AVG Capital, recomenda ativos ligados ao IPCA, especialmente para prazos mais longos, com taxas acima de 7% ao ano
- Ativos prefixados são considerados mais arriscados no momento, com recomendação de limitação a 2,5% da carteira para perfis arrojados
Pós-Fixados
Carolina Bohnert, da The Hill Capital, sugere:
- Tesouro Selic
- CDB e LCA
- Fundos de investimentos de renda fixa
- Títulos corporativos
Bolsa e Investimentos Internacionais
Marcelo Bolzan recomenda empresas:
- Com receita em dólar: Weg, JBS e Suzano
- Pagadoras de dividendos: Petrobras e Itaú
- Com capacidade de repasse inflacionário: Sabesp e Eletrobras
Jeff Patzlaff, Planejador Financeiro CFP®, sugere para investimentos nos EUA:
- ETFs que replicam índices como S&P 500 e STOXX Europe 600
- Setores de tecnologia, saúde e energias renováveis
- Títulos de dívida de países bem classificados
Perspectivas
O cenário atual demanda atenção dos investidores, com o Copom mantendo uma postura vigilante em relação à inflação. Josias Bento, da GT Capital, sugere que para horizontes mais longos, os ativos IPCA+ podem ser adequados para investimentos entre 5 e 10 anos, ressaltando a importância de manter os títulos até o vencimento.
Via Alan Alex / Painel Político