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Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Em meio à preocupação com o cenário fiscal, BC divulga ata do Copom

Descrente com a política fiscal do governo Lula, o mercado espera uma postura mais firme do Copom sobre o cumprimento da meta inflacionária

Descrente com a política fiscal do governo Lula, o mercado espera uma postura mais firme do Copom sobre o cumprimento da meta inflacionária

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulga, nesta terça-feira (17/12), a ata da última reunião do colegiado que decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 12,25% ao ano. O anúncio ocorre em meio à preocupação do mercado financeiro sobre o cenário fiscal e inflacionário do país.

Descrente com a política fiscal do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o mercado financeiro tem aumentado as projeções para a inflação e taxa de juros de 2024 e dos próximos três anos.

Mesmo que a equipe econômica tenha anunciado um pacote de contenção dos gastos públicos, com ações que podem gerar uma economia estimada em R$ 70 bilhões nos anos 2025 e 2026, o mercado não reagiu bem.

Alguns analistas financeiros consideraram as medidas insuficientes para conter o avanço da curva da dívida pública. Uma das reações mais marcantes do mercado é a alta do dólar, que ultrapassou os R$ 6.

Com a ata do Copom, o mercado espera uma postura mais firme do Banco Central sobre o cumprimento da meta inflacionária, além da responsabilidade fiscal do governo federal.

Copom eleva Selic pela 3ª vez

Na última semana, o Copom aprovou um acréscimo de 1 ponto percentual na taxa Selic, que passou dos 11,25% para 12,25% ao ano. A próxima reunião do colegiado está prevista para 28 e 29 de janeiro.

A alta dos juros foi usada pelo BC para conter o avanço da inflação. A Selic é o principal instrumento de política monetária para manter a inflação dentro da meta — de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, sendo 4,5% (teto) e 1,5% (piso).

Atualmente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, está em 4,87% nos últimos 12 meses até novembro — 0,37 ponto percentual acima do teto da meta.

Além das explicações do que levou ao aumento dos juros, a ata marca a despedida de Roberto Campos Neto da presidência do BC. A partir de 1º de janeiro de 2025, Gabriel Galípolo, indicado por Lula, assume o comando da autoridade monetária.

Economistas comentam resultados do Focus

O relatório Focus mais recente, divulgado nesta segunda-feira (16/12), mostra as percepções do mercado financeiro para diversos dados macroeconômicos, como inflação, Selic, taxa de câmbio e Produto Interno Bruto (PIB).

Analistas do mercado financeiro continuam projetando a inflação acima da meta em 2024 e 2025. Além disso, eles apertaram a alta das estimativas para a Selic no próximo ano.

A projeção do IPCA para 2024 é de 4,89%, e de 4,60% para 2025. Ou seja, esses dados indicam que o mercado prevê a inflação acima do teto da meta em ambos os dois anos, que é de 4,50%.

Para a Selic, os analistas estimam alta de 0,75 ponto percentual já em janeiro. Ainda segundo eles, a taxa de juros subirá dos atuais 12,25% para 13% ao ano, quando o Copom se reúne pela primeira vez no ano.

O mercado ainda projeta que a Selic será de 14% ao ano até o fim de 2025.

Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, afirma que a expectativa de um aumento de 1% na taxa Selic reflete “a preocupação crescente do Banco Central em conter a inflação, especialmente diante de um cenário fiscal desafiador e pressões cambiais”.

“O mercado financeiro já precifica esse movimento, interpretando-o como uma sinalização de maior compromisso com o controle inflacionário, mas também com impactos significativos no crescimento econômico e no custo do crédito para empresas e famílias”, analisa Monteiro.

Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest, destaca que o resultado do Focus “reforça a necessidade de uma política monetária mais rígida para conter pressões inflacionárias, mas também intensifica o custo do crédito e limita o consumo, afetando setores sensíveis à demanda doméstica”.

Calendário do Copom para 2025

Janeiro

  • Reunião do Copom: 28 e 29 de janeiro
  • Divulgação da ata do Copom: 4 de fevereiro

Março

  • Reunião do Copom: 18 e 19 de março
  • Divulgação da ata do Copom: 25 de março

Maio

  • Reunião do Copom: 6 e 7 de maio
  • Divulgação da ata do Copom: 13 de maio

Junho

  • Reunião do Copom: 17 e 18 de junho
  • Divulgação da ata do Copom: 24 de junho

Julho

  • Reunião do Copom: 29 e 30 de julho
  • Divulgação da ata do Copom: 5 de agosto

Setembro

  • Reunião do Copom: 16 e 17 de setembro
  • Divulgação da ata do Copom: 23 de setembro

Novembro

  • Reunião do Copom: 4 e 5 de novembro
  • Divulgação da ata do Copom: 11 de novembro

Dezembro

  • Reunião do Copom: 9 e 10 de dezembro
  • Divulgação da ata do Copom: 16 de dezembro

 

Via Metropoles

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